Câncer de boca: acúmulo de proteína induz transformação maligna em células

ela primeira vez, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP demonstram que o aumento de uma proteína que regula moléculas formadoras de tecidos, membranas e sinalizadoras celulares está relacionado com o desenvolvimento e a progressão do câncer de boca.

O estudo, publicado na revistaBiochim Biophys Acta Mol Cell Res, teve como objetivo desvendar o papel da esfingosina quinase 2 (SK2) em tumores orais. A SK2 é uma enzima que, ao lado da SK1, tem função crucial na regulação dos esfingolipídeos (lipídios essenciais na composição das membranas que atuam como sinalizadores celulares). De acordo com os pesquisadores, embora a SK1 tenha sido amplamente investigada em diversos tipos de câncer, incluindo o de cabeça e pescoço, a SK2 permanece pouco compreendida.

O grupo verificou que o excesso de SK2 acarreta alterações nas características e comportamentos de células epiteliais orais não tumorais, transformando-as em “células com fenótipo tumoral altamente agressivas”, com atuação “até mesmo na plasticidade celular”, informa a professora Andréia Machado Leopoldino, coordenadora da pesquisa.

Além de induzir a transformação maligna, a pesquisa mostrou que a SK2 contribui para aumentar a formação de tumores a partir de células derivadas de metástase de câncer oral. A professora Andréia ensina que essa enzima desempenha diversos papéis biológicos importantes na regulação de diferentes vias e processos celulares, mas, quando em quantidades elevadas, exerce “o papel intrigante de um promotor de tumor oral”.

A equipe da USP acredita que esses resultados devem contribuir para os tratamentos oncológicos pois, “na prática oncológica, a esfingosina quinase 2 e os esfingolipídios podem ser potenciais biomarcadores, ou seja, moléculas que podem ser medidas em termos de diagnóstico e prognóstico, auxiliando a avaliação médica do paciente, o que é extremamente importante”, afirma a professora em relação a futuros estudos clínicos que deverão empreender. Andréia Leopoldino adianta que se tratam de informações que devem auxiliar na melhor compreensão da resistência da doença aos tratamentos quimio e radioterápicos.

Fonte: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/cancer-de-boca-acumulo-de-proteina-induz-transformacao-maligna-em-celulas/