Projeto Escolas Solares, do RN, deve ser replicado no Brasil, diz ministra

O projeto “Escolas Solares”, que prevê a introdução de aulas práticas na rede pública do Rio Grande do Norte com a ajuda de mini usinas de energia solar, poderá cruzar as fronteiras do estado e ser replicado no Brasil.

A perspectiva foi apresentada nesta segunda-feira (16) pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em visita à Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti, uma das 13 do RN contempladas com o projeto original – fruto de convênio do Ministério com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).

A ideia, afirmou a ministra, é inserir a iniciativa no “Programa Mais Ciência na Escola”, lançado em junho.

“A gente vai querer a Escola Solar como mais um instrumento de aprendizado para os estudantes brasileiros”, disse Santos, ressaltando a aderência da iniciativa ao propósito do Programa nacional, de ter “laboratórios mão na massa” para fomentar a educação científica. “Essa experiência tem tudo a ver com o que a gente pretende”.

Investimento
No Rio Grande do Norte, a primeira fase do Escolas Solares recebeu R$ 1 milhão para a instalação de “laboratórios práticos de ensino” em 13 municípios do estado, onde conceitos teóricos de física, geografia e matemática vistos no Ensino Médio poderão ser aprendidos, na prática, com a ajuda de mini usinas de geração de energia solar.

Os recursos são provenientes de uma emenda parlamentar do então senador da República Jean-Paul Prates, idealizador da proposta, e foram alocados por meio de convênio firmado entre o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis e o Ministério.

O investimento contemplou a implantação dos chamados “kits solares” – o que engloba, entre outros equipamentos, a instalação das mini usinas e de estações solarimétricas portáteis – o desenvolvimento de materiais didáticos e a capacitação de 41 professores/as de Natal, Parnamirim, São Paulo do Potengi, Nova Cruz, Currais Novos, Caicó, São Gonçalo do Amarante, Ceará Mirim, João Câmara, Macau, Pendências, Alto do Rodrigues e Mossoró.

Impulso
“Esse é um projeto que ajuda a diminuir a conta de energia das escolas mas, principalmente, que vai formar alunos e capacitar profissionais para empregos nessa indústria”, comentou Jean Paul, nesta segunda-feira, durante a visita com a ministra, a governadora Fátima Bezerra e representantes do SENAI.

Ele ressaltou que emendas parlamentares têm grande potencial de impulsionar a ciência e a tecnologia, mas que poucas são apresentadas no país com esse objetivo.

“As emendas”, acrescentou o ex-senador, “podem não servir para criar um programa nacional ou mesmo estadual, mas servem, certamente, para fazer uma semente como essa, do projeto, que depois pode escalar e chegar a todo o país”.

Entrega
Na versão potiguar, o projeto está em fase de validação da metodologia que será aplicada nas escolas e será oficialmente entregue em março deste ano, disse o diretor do SENAI do Rio Grande do Norte e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, Rodrigo Mello.

“Nós estamos trazendo a tecnologia real para o aprendizado do que corriqueiramente se estuda apenas no quadro, na sala de aula ou por um livro”, disse ele.

“A ideia que nós do SENAI executamos junto com Jean Paul foi a de um modelo de negócio educacional para firmar conteúdo, trazer competências e otimizar o processo de ensino e aprendizagem nas salas de aula, que tivesse como resultado a aderência entre o ensino normal e a tecnologia e que pudesse, sem dúvida, contribuir com a melhoria do Ensino Médio”, ressaltou o executivo.

O projeto teve largada no início de 2022 e, desde então, envolveu etapas como importação de equipamentos, processo de liberação dos espaços necessários nas escolas, além de treinamentos de equipes que, segundo o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, Antonio Medeiros, “serão semeadores de conhecimentos sobre energias renováveis”.

Agora, o processo de homologação das usinas está em tramitação na concessionária de energia elétrica do estado para formalização do chamado “parecer de acesso” e conexão com a rede de energia elétrica. “Dessa forma, possíveis excedentes de geração poderão virar créditos de compensação, ou seja, efetivamente economia na conta de luz das escolas”, explicou o pesquisador do ISI-ER, Hudson Resende, coordenador do projeto.

Por meio da iniciativa, detalhou ele, conceitos teóricos poderão ser aplicados em oficinas práticas relacionadas às etapas de projeto, instalação e operação de uma usina solar real conectada à rede elétrica.

“Esse projeto-piloto inovador integra os processos de aprendizagem da educação aos processos de implantação de tecnologia e informação envolvidos no desenvolvimento e instalação de uma usina solar, além de gerar energia contribuindo para a eficiência energética e sustentabilidade na escola”, reforçou.

A ministra Luciana Santos fez coro. “Hoje, nós temos quase 90% da matriz energética do Brasil limpa e ou renovável e queremos que nossos estudantes tenham familiaridade com essa nova economia, com essa nova indústria, com os processos de transformação e de inovação que as tecnologias estão passando”, disse.

“A gente vai construir essa sinergia, esse ecossistema em que o SENAI participa, a escola participa, ou seja, o caminho pelo qual a gente soma esforços”.

Uma nova etapa do projeto, intitulada Escolas Solares SEEC/RN, está em desenvolvimento – desta vez, em parceria com o governo do estado, por meio da Secretaria estadual de Educação. Nessa fase, mais seis escolas serão beneficiadas, distribuídas entre os municípios de Natal, Parnamirim, Açu e Mossoró.

“Não é só uma usina solar. É didática para que o RN possa avançar cada vez mais na educação profissional e tecnológica e vai reduzir o custo da energia”, disse a governadora Fátima Bezerra.