A dança como forma de resistência e a arte como grito por direitos. Esses são os eixos do documentário “Estou adaptado a uma cidade não adaptável”, que estreia neste sábado, 17 de maio, na Casa da Ribeira, em Natal, com entrada gratuita e duas sessões especiais: às 19h, com recursos de acessibilidade, e às 19h30, seguida de um bate-papo com realizadores e convidados.
Com apenas 12 minutos de duração, o curta conduz o espectador pela rotina de Beto Morais, bailarino cadeirante e um dos fundadores do prestigiado grupo potiguar Gira Dança, referência nacional na cena da dança contemporânea. A partir de suas vivências, o filme expõe de forma sensível e contundente, os obstáculos enfrentados diariamente por pessoas com deficiência em uma cidade ainda distante da inclusão plena.
Dirigido por Raquel Cardozo, com produção da Mariposart e coprodução do próprio Beto Morais, o documentário entrelaça relatos íntimos, imagens urbanas e intervenções artísticas para compor um retrato poético, mas também político, sobre o corpo, a mobilidade e o direito de pertencer ao espaço urbano. Filmado a partir das vivências reais de Roberto Morais de Araújo, o documentário é mais que um retrato individual: é um chamado coletivo.
“Estou adaptado a uma cidade não adaptável” também se propõe como um convite à empatia. Ao colocar o espectador no lugar de Beto, o filme desafia lideranças políticas e a sociedade civil a repensarem o espaço urbano como um direito de todos. A cidade, como destaca o próprio documentário, deve ser construída não apenas com rampas e calçadas adequadas, mas com uma nova mentalidade que abrace a diferença como valor fundamental.
Além de seu caráter artístico e biográfico, o projeto possui um forte compromisso social e educacional. Por meio do olhar sensível da câmera, o curta visa inspirar outras pessoas com deficiência e sensibilizar o público quanto à acessibilidade real, que vai além da infraestrutura e precisa alcançar o respeito, o acolhimento e a dignidade no convívio cotidiano. A produção contou ainda com a pesquisa do antropólogo Geraldo Barbosa, e é uma realização da Fundação José Augusto, Secretaria Estadual da Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Com estética refinada, narrativa potente e compromisso com os direitos humanos, “Estou adaptado a uma cidade não adaptável” reafirma a arte como espaço de escuta, denúncia e transformação e coloca Beto Morais, com sua dança e sua história, no centro de um debate que precisa sair do plano das intenções e ganhar as ruas.
SERVIÇO
Lançamento do documentário “Estou adaptado a uma cidade não adaptável”
Data: Sábado, 17 de maio
Local: Casa da Ribeira, Natal (RN)
Sessões: 19h (com acessibilidade) e 19h30 (seguida de debate)
Entrada Gratuita