Desde que assumiu o Ministério da Saúde, há mais de seis meses, o general Eduardo Pazuello gastou pelo menos R$ 88 milhões em propagandas ligadas à covid-19. Um valor considerável, que se justificaria caso fosse usado para informar a população sobre como se proteger da maior pandemia do século. Mas em vez de informações sobre máscaras, distanciamento social e ventilação em locais fechados, há mensagens exaltando os feitos do governo, a reabertura do comércio e até a força do agronegócio.
“O que temos visto nas propagandas é assustador. É o negacionismo como política pública, porque diminui o tamanho do problema. Não deixa claro para a população que estamos em uma pandemia e que isso é grave”, afirma o médico José David Urbaez, da Sociedade Brasileira de Infectologia. Para ele, as propagandas erram ao transmitir à população “um tom de normalidade.” A médica Gulnar Azevedo e Silva concorda: “Se a informação não é clara, a população fica perdida e acha que está tudo bem, que não vai pegar a doença”, diz ela, que é professora da Uerj e presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
A verba gasta em publicidade por Pazuello – valor suficiente para pagar uma parcela de auxílio emergencial de R$ 300 a 293 mil pessoas – é mais alta do que a gasta pelos seus antecessores, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No total, o ministério já gastou R$ 162,4 milhões em publicidade com temas ligados à pandemia, de acordo com a própria pasta.
Informações do Repórter Brasil