Os jovens que excluem perfis em redes sociais para aproveitar a vida real

“Meu conselho é: se puder sair das redes sociais, saia”, cravou Tristan Harris, ex-funcionário do Google, em entrevista a VEJA em setembro. Ele está no documentário da Netflix O Dilema das Redes, que detalha os riscos à privacidade das pessoas, que, em sua visão, acabam virando produtos do Facebook, Instagram, Twitter e outros. Se for tomado por base o estudo realizado pela agência de pesquisa Dentsu Aegis Network, muita gente já estava dando ouvidos ao conselho de Harris antes mesmo de ver o documentário. Foram entrevistadas 32 000 pessoas em 22 países, em março e abril, e o resultado foi surpreendente: entre os jovens de 18 a 24 anos, a Geração Z, um em cada cinco afirmou ter desativado suas contas nas redes sociais.

O número também impressiona por outro motivo: a debandada é duas vezes maior nessa faixa etária do que entre usuários acima de 45, mostrando que os mais velhos parecem se sentir menos afetados pelo admirável mundo novo. Entretanto, a maior preocupação apontada pelos que pularam fora das redes, em qualquer idade, é o dano que elas estariam causando à saúde mental. Mas qual seria, na prática, esse prejuízo psicológico? Harris diz que o ambiente virtual vicia. Trata-se de um processo químico no cérebro. Sempre que vivenciamos algo prazeroso, o neurotransmissor chamado dopamina é ativado, fazendo com que procuremos mais do mesmo, e receber curtidas no Facebook e Instagram dispara o processo. Na mesma medida, a sensação contrária é frustrante.

Fonte: Revista VEJA