Nos Estados Unidos, quase 8% das pessoas que tomaram a primeira dose das vacinas contra a Covid-19 da Pfizer-Biontech ou da Moderna não retornaram para receber a segunda dose, segundo uma reportagem recente do jornal americano “The New York Times”. Especialistas acreditam haver variadas razões para explicar esse número.
“Algumas pessoas podem ter lido especulações de que uma dose seria suficiente [para proteger contra o coronavírus]”, afirmou à DW a virologista Angela Rasmussen, da Organização de Vacinas e Doenças Infecciosas (Vido). Segundo ela, essa ideia instigaria nas pessoas um falso senso de segurança.
Outra razão que pode desencorajar alguns vacinados a tomarem a segunda dose é o medo de possíveis reações adversas da imunização. “Algumas pessoas podem ter tido efeitos colaterais relacionados à primeira dose e decidiram por si mesmos que não querem viver isso de novo com a segunda dose”, diz a virologista.
“Acredito que outras pessoas foram aconselhadas por seu seguro de saúde a não receber a segunda injeção, e isso se eles já tiveram uma reação alérgica ou têm um histórico ruim ao receber segundas doses – provavelmente é uma minoria de casos, mas acho que algumas pessoas por razões médicas foram aconselhadas a não tomar a segunda dose”, completa Rasmussen.
A especialista cita ainda outras possíveis razões, como obstáculos logísticos que fogem do controle dos vacinados, bem como horários para vacinação cancelados ou farmácias que não estocaram doses do tipo certo da vacina. Um número pequeno de pessoas pode ainda ter simplesmente esquecido que precisava tomar uma segunda injeção.
Fatores sociais também podem desempenhar um papel. Segundo a médica Lisa Cooper, chefe do Centro Johns Hopkins para Equidade na Saúde, pessoas de classes mais baixas e afro-americanas enfrentam barreiras estruturais específicas para ter acesso até mesmo à primeira dose da vacina.
“Se você não tem um celular sofisticado ou um computador, provavelmente se sente mais confortável usando um telefone comum – mas alguns centros de vacinação não têm número para receber ligação, e a única forma de se registrar [para se vacinar] é estando online”, disse Cooper em entrevista à DW.
Fonte: DW Brasil