A Coalizão Negra por Direitos convida todos os setores da sociedade a se juntar ao “13 de maio de Lutas”, mobilização nacional pelo fim do racismo, do genocídio negro, das chacinas e pela construção de mecanismos de controle social da atividade policial. 28 atos já foram confirmados em todas as regiões do Brasil, em estados como Acre, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal (lista completa abaixo). Os atos são realizados por organizações que compõem a Coalizão Negra por Direitos e entidades parceiras. Acesse o site e acompanhe a atualização da programação que terá concentrações das 7h, no Acre, até às 18h no Pará e Mato Grosso, nos horários locais.
Já na semana passada, haviam sido realizados atos no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília por justiça às vítimas do massacre na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, e de todas as operações policiais que resultaram em mortes nas favelas e comunidades do Brasil. Em manifesto, militantes de diversas organizações do movimento negro brasileiro denunciaram ao mundo “que vivemos em um país no qual amanhã poderemos estar mortos. Seja pelo coronavírus, seja pela fome, seja pela bala, o projeto político e histórico de genocídio negro avança no Brasil de uma forma sem limites e sem possibilidade concreta de sobrevivência do povo negro”. Além disso, o movimento pede respostas às autoridades e reivindica por auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, o direito da população negra à vacina contra o coronavírus pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o fim do governo Bolsonaro.
Com o lema, “Nem bala, nem fome, nem Covid. O povo negro quer viver!”, os atos foram escolhidos para 13 de maio em alusão ao marco do fim da escravidão no Brasil e a necessidade de debater o assunto sob a ótica da população negra. Dentre os temas, estão as consequências socioeconômicas da falta de assistência aos negros e negras libertos em 1888. Mais de 130 depois, as gerações atuais ainda sofrem com algumas consequências, como a situação de genocídio e a morte de pessoas pretas por uma doença em que já há vacina, a Covid-19. Segundo o Instituto Pólis, em 2020, eram 250 óbitos de homens pretos pela doença a cada 100 mil habitantes. As organizações dos protestos orientam quem for participar para comparecer de máscaras – se possível usar a PFF2 – higienizar as mãos com álcool em gel constantemente, se manter em local ventilado e, o quanto possível, com distanciamento social seguro.
A importância histórica dos atos neste momento da maior crise humanitária sem precedentes, com o aumento do desemprego, da miséria e da fome, mais uma vez a população negra está por sua própria conta. O espírito de solidariedade e comunitário fez com que a população negra se ajudasse, seja organizando campanhas humanitárias, apoiando vizinhos e vizinhas nas favelas e comunidades ou acompanhando famílias afetadas pela doença. Famílias essas pressionadas a tomar medicamentos sem eficácia – com a indicação do próprio governo – e que têm dificuldade para acessar serviços de saúde. E é por isso que o movimento negro convoca todos os setores da sociedade que não aceitam essa barbárie, a violação de direitos humanos e um governo miliciano que leva as últimas consequências a natureza genocida do estado brasileiro. O mundo está olhando para o Brasil e esperando de toda sua população – negra ou não – uma reação. E é essa mensagem que o “13 de maio de Lutas” pretende passar.
A mobilização acontecerá poucos dias antes de outros episódios históricos que evidenciam os desafios para a população negra completarem um ano. Em 18 de maio de 2020, o menino João Pedro, de 14 anos, foi assassinado em sua casa, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. A investigação está parada e os policiais investigados pelo crime seguem trabalhando. Diferente do caso brasileiro, o assassino de George Floyd, nos Estados Unidos – que completará um ano em 25 de maio – já foi condenado. O fato de existir uma resolução para o caso não significa que a política de segurança pública esteja funcionando, muito menos que o racismo acabou, mas foi um passo importante pela justiça contra a impunidade e pelo fim da violência policial racista.
A morte de Floyd provocou uma onda de protestos e repercussões em todo o mundo, inclusive no Brasil, e neste “13 de maio de Lutas” a Coalizão Negra por Direitos também chama a atenção pela necessidade de acompanhamento e cobrança contínua do Brasil sobre os acontecimentos internos. Outro exemplo é a morte do menino Miguel, em Pernambuco, que também completará um ano em 05 de junho próximo. Todos esses casos são exemplos diferentes de mortes da população negra, em regiões distintas, mas que seguem o mesmo rito baseado no racismo estrutural na sociedade.
- SERVIÇO:
“13 de Maio de Lutas”
Confira a programação**:
Acre
Rio Branco – Esquina da Alegria – 7h
Alagoas
Maceió – Praça Marechal Deodoro – 15h
Amapá
Macapá – Fortaleza de São José de Macapá – 16h
Amazonas
Manaus – Praça da Polícia, Centro – 16h
Bahia
Salvador – Praça da Piedade – 11h
Ceará
Fortaleza – Estátua de Iracema – 10h
Distrito Federal
Praça dos Três Poderes – Em frente ao STF – 17h
Espírito Santo
Vitória – Praça Costa Pereira – 17h
Goiás
Goiânia – Em frente à Secretaria da Segurança Pública de Goiânia – 17h
Maranhão
São Luís – Praça Dom Pedro II – Em frente ao Tribunal de Justiça – 17h
Mato Grosso
Cuiabá – Praça da Mandioca – 18h
Minas Gerais
Belo Horizonte – Praça Afonso Arinos – 17h
Pará
Belém – Praça da República – 18h
Paraíba
João Pessoa – Lagoa – 15h
Pernambuco
Recife – Praça do Derby – 17h
Piauí
Teresina – Praça da Liberdade – 15h
Rio de Janeiro
Macaé – Praça Veríssimo de Melo – 15h
Niterói – Av. Ernani do Amaral Peixoto, 577 – em frente ao Fórum de Justiça e 76º
Delegacia de Polícia – 15h
Rio de Janeiro – Candelária – 17h
Petrópolis – Praça Dom Pedro – 17h
Rio Grande do Norte
Natal – Shopping Midway Mall – 16h
Rio Grande do Sul
Porto Alegre – Esquina Democrática – 17h
São Paulo
Bauru – Praça Dom Pedro II – em Frente à Câmara Municipal – 17h
Ilhabela – Praça do Pimenta de Cheiro – 17h
Santos – Praça José Bonifácio – 12h
São Paulo – Av. Paulista – Vão livre do Masp – 17h
Sergipe
Aracaju – Rua Abolição – 17h
*Programação sujeita a atualização e alterações.
*Horários locais.
Sobre a Coalizão Negra por Direitos
A Coalizão Negra por Direitos reúne 200 organizações, grupos e coletivos do movimento negro brasileiro para promover ações conjuntas de incidência política nacional e internacional. As entidades definem estratégias para intensificar o diálogo com o Congresso Nacional e com instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados
Americanos (OEA) sobre a pauta racial, além de fortalecer ações nos estados e municípios brasileiros nesse sentido.