O baixo número de pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19 (cerca de 10% da população) e a alta taxa de transmissão do vírus, com a média móvel de novos casos da doença acima de 50 mil por dia, não permitem que a população deixe de usar as máscaras neste momento –incluindo os que já receberam algum imunizante ou já foram infectados pelo Sars-CoV-2.
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem (10) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prepara um parecer para desobrigar do uso da máscara quem já foi vacinado contra a Covid ou quem já se infectou com o coronavírus.
O anúncio chocou a comunidade médica e científica, que vê risco de aumento no número de mortes e casos que podem ser evitados com uso de máscaras e distanciamento social –medidas básicas, fáceis de serem seguidas e largamente baseadas em estudos científicos, mas que nunca contaram com o apoio do presidente nem de seus apoiadores.
“Infelizmente, não temos nenhuma vacina que garanta 100% de proteção, sempre pode haver alguma infecção que escape do imunizante. Além disso, temos uma circulação do vírus muito grande no país, o que aumenta a chance de algum vacinado ser infectado”, afirma Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
A chance de um vacinado se infectar com a doença é muito menor do que a de quem não recebeu nenhum imunizante, e o tamanho dessa proteção varia com a vacina utilizada. “Vacinados podem se infectar e transmitir a doença. Mesmo que o imunizado tenha uma chance enorme de ter desfecho positivo se pegar a doença, pode passar o vírus para outras pessoas”, diz Luciana Becker, médica infectologista no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, de São Paulo.
Fonte: Folha de S.Paulo