O século 21 começou com o estouro de uma bolha. Em 2001, o primeiro ano do milênio, a nova economia digital americana, que na segunda metade dos anos 1990 havia enchido de entusiasmo investidores, empreendedores e economistas, desmoronou. Empresas criadas em torno da internet, que se tornou acessível depois da criação e da popularização da World Wide Web, a partir de 1995, receberam investimentos e atingiram valorizações astronômicas. Quando o crescimento econômico diminuiu em partes do mundo, incluindo os Estados Unidos, grande parte das empresas digitais faliu.
Nos anos seguintes, os esforços em torno desse mundo digital foram repensados. Nasceram as plataformas em que pessoas podiam criar sua presença online e interagir com outros usuários. Uma delas, criada em 2004, viria a se transformar numa das maiores empresas do mundo. O Facebook mudou o uso da internet, o comércio, a publicidade e até a política. Junto com o Google, a rede social estabeleceu um novo modelo para a economia digital. Para o bem e para o mal, em grande medida o Facebook definiu como seria a vida nas primeiras décadas do século 21.
Uma nova rede social
Em meados dos anos 1990, uma espécie de corrida do ouro digital foi iniciada, em busca de um lugar ao sol na nova realidade da World Wide Web. O que simbolizava tal disputa era a procura por um bom domínio, ou seja, um bom “ponto com”. Essa primeira geração da internet contou com inúmeras novas empresas nos Estados Unidos – e muitas fracassaram de forma espetacular.
Um caso simbólico foi o da Pets.com, que foi criada em 1998, atraiu mais de US$ 80 milhões em sua abertura de capital e, no fim de 2000, foi à falência. Sem plano de negócio ou estudo de mercado, a Pets.com foi um exemplo dos tempos irresponsáveis do início da internet. Muitas empresas fecharam na virada do milênio, devido a mudanças no cenário econômico e falta de planejamento. Outras foram compradas por valores estratosféricos por empresas maiores, como a Broadcast.com, vendida por US$ 5,7 bilhões ao Yahoo em 1999. Três anos depois, o Yahoo fechou as operações da Broadcast.com, selando o que é considerado um dos piores negócios da história da internet.
Enquanto algumas empresas tornaram-se potências digitais – como Amazon ou Ebay –, o cenário geral foi de decepção com o setor. Entre o primeiro semestre de 2000 e o último de 2002, o índice Nasdaq da Bolsa de Nova York, de empresas de tecnologia, sofreu uma queda de 78%. Foi o estouro da chamada “bolha da ponto com”. A internet precisava urgentemente de novos modelos – e uma nova injeção de ânimo. O segredo veio na palavra “interatividade”. Das cinzas da bolha anterior, começaram a surgir nos Estados Unidos as primeiras plataformas e empresas baseadas na participação do usuário.
O conceito ficou conhecido como Web 2.0, em oposição à primeira versão, a Web 1.0, termos usados pela primeira vez pela especialista em tecnologia digital Darcy DiNucci, num artigo publicado em 1999.
“A Web que conhecemos agora, que é carregada numa janela de navegador essencialmente em telas estáticas, é apenas um embrião da Web que está para vir. Os primeiros sinais da Web 2.0 estão começando a aparecer.”
O que DiNucci já via desde 1999 começou a virar realidade no cenário pós-bolha. Na nova Web, os usuários já podiam provê-la de conteúdo e participar ativamente da criação dos negócios formados na internet. Com isso, proliferaram os weblogs – ou simplesmente blogs – e surgiu o conceito de UGC – user generated content, ou conteúdo gerado por usuário. Foi nessa realidade que apareceu a primeira rede social da Web 2.0. Em março de 2002, Jonathan Abrams fundou o Friendster, um site que mostrava conexões indiretas (amigos de amigos), incentivando o estabelecimento de novas amizades.
Um ano depois, usuários do Friendster que trabalhavam na empresa eUniverse resolveram fazer algo parecido. Nascia o MySpace, que, assim como a rede de Abrams, acumularia milhões de usuários. Era clara a disposição de pessoas, especialmente os mais jovens, de usar a internet para contatos sociais.
Fonte: BBC Brasil