Em meio à alta de preços de alimentos, combustíveis e energia, o Banco Central (BC) apertou ainda mais os cintos na política monetária. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira (27/10) a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1,5 ponto percentual, de 6,25% para 7,75% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que esperavam reajuste para 7,5% ao ano.
A taxa está no nível mais alto desde outubro de 2017, quando foi de 8,25% ao ano e foi reduzida para 7,5%. Esse foi o sexto reajuste consecutivo na taxa Selic. De março a junho, o Copom havia elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, o reajuste passou para 1,25 ponto em setembro.
Com a decisão, a Selic continua num ciclo de alta, depois de passar seis anos sem crescer. De julho de 2015 a outubro de 2016, permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia, até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018.
A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
A medida desta quarta-feira constitui o maior aperto monetário em quase 20 anos. A última vez em que o Copom elevou a Selic em mais de 1 ponto percentual havia sido em dezembro de 2002. Na ocasião, a taxa passou de 22% para 25% ao ano, com alta de 3 pontos.