Família de criador do Touro de Wall Street diz que não foi consultada sobre versão da estátua da B3

De um lado, um touro de bronze de 3,5 toneladas, com 3,4 metros de altura e 4,9 metros de comprimento, em posição de ataque em frente à Bolsa de Valores de Nova York, em Wall Street. De outro, um touro dourado, de 5 metros de altura e 3 de comprimento, em frente à Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O primeiro, a obra original, foi trazido a Manhattan na calada da noite em 1989, como um presente do escultor italiano Arturo Di Modica, para quem a peça era um “símbolo da força e poder do povo americano”.

O segundo foi inaugurado à luz do dia deste 16 de novembro de 2021, pela própria B3, para quem a peça “simboliza o mercado financeiro e a força do povo brasileiro”.

Essa poderia ser só mais uma história de assimilação ou releitura por brasileiros de símbolos americanos. Mas, para especialistas em legislação e direitos de autor ouvidos pela BBC News Brasil, a B3 pode ter ferido direitos autorais com a estátua recém-inaugurada no centro de São Paulo e que causou polêmica na internet.

Isso porque nem a B3, nem o responsável por construir o touro de ouro, o artista plástico e arquiteto Rafael Brancatelli, consultaram ou pediram autorização de reprodução ao agente ou à família de Arturo Di Modica, “pai”do touro de bronze de Wall Street – segundo relatos ouvidos pela reportagem.

“Você foi a primeira pessoa a nos avisar sobre a existência desse touro em São Paulo”, afirmou à BBC News Brasil Jacob Harmer, agente do artista até fevereiro deste ano, quando ele faleceu em decorrência de um câncer. A viúva de di Modica foi também consultada pela BBC News Brasil e afirmou não ter sido procurada nem pela B3, nem por Brancatelli.

Já, a B3 informou por meio de sua assessoria que “O artista Rafael Brancatelli nos disse que não existe essa necessidade de consulta (aos herdeiros de Di Modica) porque a obra dele não faz alusão ao touro de Wall Street em relação ao nome, desenho, cores e material”.

Disse também que a obra significava “um presente para a cidade de São Paulo, visando à revitalização do centro histórico da cidade”.

Fonte: BBC Brasil