Mortes por pandemia de Covid podem ser o triplo do registrado, diz estudo

Uma análise publicada na revista científica The Lancet estima que o número global de mortos pela pandemia de Covid-19 pode ser até três vezes maior do que o registrado por dados oficiais. Considerando 191 países e territórios, o estudo prevê que 18,9 milhões de pessoas tenham morrido pela crise sanitária provocada pelo Sars-CoV-2 até dezembro de 2021, o triplo dos 5,9 milhões que foram oficialmente contabilizados. Esta é a primeira estimativa global e revisada por pares publicada sobre o assunto.

Para chegar a essa estimativa, pesquisadores liderados pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde dos Estados Unidos analisaram dados coletados pelo Banco de Dados de Mortalidade Humana, pelo Gabinete de Estatísticas da União Europeia e pelo Banco de Dados Mundial de Mortalidade da Organização das Nações Unidas (ONU).

As informações avaliadas eram referentes a mortes de todas as causas ocorridas entre 2020 e 2021 em 74 países e 266 estados e províncias. Elas foram comparadas a dados coletados nos 11 anos anteriores à pandemia e formaram uma base para a criação de um modelo estatístico que pudesse prever com maior precisão o número real de vítimas da pandemia.

A diferença alarmante entre os dados oficiais e o número estimado pelo estudo pode ser explicada pela grande quantidade de casos não diagnosticados de Covid — por falta de testagem — e por erros no registro dos dados.

Segundo a pesquisa, as regiões com maior excesso de mortes — ou seja, a diferença entre mortes reportadas e estimadas de todas as causas — são o sul da Ásia (5,3 milhões), o norte da África e o Oriente Médio (1,7 milhão) e o Leste Europeu (1,4 milhão). Comparando o excesso de mortes com o número registrado de vítimas de Covid-19, estima-se que o sul da Ásia tenha tido 9,5 vezes mais mortos pela doença do que relatam os dados oficiais e a África Subsaariana, 14,5 vezes.