Pesquisadores descobrem 5,5 mil novos tipos de vírus de RNA nos oceanos

Em um estudo que coletou amostras de água do oceano em diversas partes do mundo, um time internacional de pesquisadores desvendou novos achados sobre os vírus de RNA — microrganismos cujo material genético é constituído pelo ​​ácido ribonucleico (RNA) — que vivem nos mares do planeta. As descobertas foram publicadas na última quinta-feira (7), na respeitada revista Science.

Com auxílio de técnicas de aprendizado de máquina, a equipe identificou 5,5 mil novas espécies de vírus desse tipo. Segundo os autores, elas representam todos os cinco filos de vírus de RNA existentes atualmente, mas não só: novas divisões precisariam ser criadas para classificar corretamente todos os microrganismos descobertos no trabalho.

Desse modo, os autores sugeriram cinco filos inéditos: Taraviricota, Pomiviricota, Paraxenoviricota, Wamoviricota e Arctiviricota. Essa última abriga uma grande quantidade de espécies do Oceano Ártico, onde o aquecimento das águas é crítico.

A maioria das novas espécies, porém, pertence ao filo proposto Taraviricota, batizado em homenagem à escuna Tara, que permitiu coletar 35 mil amostras de água pelo mundo. “Há tanta diversidade nova aqui — e um filo inteiro, o Taraviricota, foi encontrado em todos os oceanos, o que sugere que eles são ecologicamente importantes”, comemora o principal autor do estudo, Matthew Sullivan, professor de microbiologia da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

O especialista observa que os vírus de RNA têm um papel relevante, mas em geral a ciência se dedica a estudar uma pequena parte deles — aqueles que causam danos a humanos, plantas e animais. O Sars-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19, é um deles. “Queríamos estudá-los sistematicamente em uma escala muito grande e explorar um ambiente que ninguém havia examinado profundamente, e tivemos sorte porque praticamente todas as espécies eram novas, e muitas eram realmente novas”, destaca Sullivan, em comunicado.