Quando começaram a surgir os primeiros casos de varíola dos macacos, na segunda quinzena de maio, as autoridades de saúde foram unânimes. O European Center for Disease Control (ECDC) considerou “muito baixo” o risco para a população em geral. O Reino Unido também, e os EUA enxergaram risco “baixo”. Mas o novo relatório da OMS, publicado ontem (29), eleva o tom. “O risco global é classificado como moderado, considerando que esta é a primeira vez que casos e clusters de varíola símia são reportados simultaneamente em áreas totalmente diferentes”, afirma o documento.
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O relatório destaca algo ainda sem explicação: a varíola dos macacos ter aparecido em locais sem nexo epidemiológico conhecido com seus focos tradicionais. Vários dos infectados, inclusive bem no começo da onda da doença, não haviam visitado os países africanos onde ela é endêmica, nem tido contato com pessoas provenientes deles.
Em seguida, o texto traz uma observação relativamente preocupante: “o aparecimento súbito e o grande escopo geográfico de muitos casos esporádicos indica que a transmissão humano-humano em ampla escala já está ocorrendo”. Segundo a OMS, há “alta probabilidade” de que surjam mais casos “com cadeias de transmissão não-identificadas”
No dia 23 de maio, havia 112 casos confirmados da doença, em 16 países. Agora, uma semana depois, o número mais do que triplicou: chegou a 424 casos confirmados, em 24 países. Segundo a OMS, o número “provavelmente está subestimado”, já que “em muitos casos” a varíola símia tem apresentado “sintomas relativamente leves, com um rash cutâneo localizado e linfadenopatia [inchaço nos gânglios linfáticos], fazendo com que muitas pessoas não busquem ajuda médica”. A doença costuma ter mortalidade de 1%. Mas, na onda atual, ainda não há nenhum óbito confirmado.
Fonte: Revista Superinteressante