Um homem de 57 anos que teve morte cerebral e foi mantido com o coração batendo em suporte ventilatório recebeu um transplante de rim de porco geneticamente modificado. O órgão funciona bem após 32 dias, segundo divulgou nesta quarta-feira (16) o centro médico NYU Langone Health, em Nova York, nos Estados Unidos.
O procedimento, realizado em 14 de julho de 2023, já é o quinto xenotransplante — um transplante entre duas espécies biologicamente diferentes — feito na instituição. A cirurgia resultou no período mais longo que um rim de porco editado funcionou em um ser humano.
“Este trabalho demonstra que um rim de porco – com apenas uma modificação genética e sem medicamentos ou dispositivos experimentais – pode substituir a função de um rim humano por pelo menos 32 dias sem ser rejeitado”, observa Robert Montgomery, professor de cirurgia e líder da operação, em comunicado.
Montgomery já havia realizado o primeiro transplante de rim de porco em um humano, morto em 25 de setembro de 2021, seguido por um segundo procedimento semelhante em 22 de novembro do mesmo ano. Em 2022, cirurgiões do Insituto de Transplantes do NYU Langone fizeram dois transplantes de coração de porco geneticamente modificados, também em cadáveres humanos.
Nenhum dos cinco xenotransplantes na NYU Langone apresentaram rejeição. Isso porque os especialistas “nocautearam” o gene que codifica a biomolécula conhecida como alfa-gal, identificada como responsável por uma rápida rejeição mediada por anticorpos de órgãos de porco por humanos.
Para evitar que o transplante fosse rejeitado, a glândula timo do porco, responsável por educar o sistema imunológico, também foi incorporada sob a camada externa do rim. Para garantir que a função renal do paciente fosse sustentada apenas pelo órgão suíno, os rins humanos foram removidos.
O indivíduo com morte cerebral ficou em suporte enquanto o desempenho do rim do porco era monitorado e amostrado com biópsias semanais. Ao longo do estudo, não havia evidência de rejeição do transplante: os níveis de creatinina, um resíduo corporal encontrado no sangue e um indicador da função renal, estavam na faixa ideal.
Fonte: Revista GALILEU