Um fenômeno astronômico raro e um dos mais aguardados do ano está prestes a acontecer, no próximo dia 14 de outubro, o Eclipse Solar Anelar. Com uma duração total de 1h44min, em Natal, ele vai poder ser observado do Parque da Cidade, em evento organizado pelo Planetário Barca dos Céus, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com o Parque da Cidade, gerido pela Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb).
Natal junto com João Pessoa (PB), serão as duas únicas capitais do país que terão a sorte de observar o “anel de fogo”, uma borda fina da estrela, ao redor da silhueta lunar. Será possível ver o exato momento em que a Lua ficará inteira em frente ao Sol, cobrindo-o quase em sua totalidade. O Sol ainda permanecerá minimamente visível na forma de um anel ao redor do lado sombreado da Lua.
Preparando as pessoas para este momento, o projeto de extensão Barca dos Céus programa um evento para a observação coletiva do eclipse em tempo real. “O objetivo principal do evento é popularizar o conhecimento astronômico, fazendo com que as pessoas cada vez mais olhem para o céu e se conectem aos seus mais variados significados, integrando-os na compreensão do nosso entorno e da dinâmica de nosso planeta”, explica a Professora do Departamento de Física da UFRN e coordenadora do Planetário Barca dos Céus, Auta Stella.
“Prepare-se para presenciar o evento astronômico em Natal e desfrutar das atividades educacionais e culturais emocionantes no Parque da Cidade. Esta é uma oportunidade única”, acrescenta o chefe do Setor de Educação Ambiental da Semurb, Otávio Escossia.
Programação
A programação de observação do eclipse anelar começa às 14h e vai até as 18h30, abrangendo diversos momentos-chave do eclipse. Inclui atividades pedagógicas explicando aspectos da dinâmica do sistema Sol-Terra-Lua e do que será observado no eclipse, bem como atividades culturais, como danças circulares dos povos, roda de capoeira, e apresentação musical. E acontece na praça de eventos do Parque, em frente ao prédio da administração.
O evento é gratuito e aberto ao público, mas vale ressaltar que um eclipse solar só pode ser observado com filtro especializado ou olhando para projeções de imagens do Sol sobre materiais opacos de cor clara. Recomenda-se levar água, usar protetor solar e, para a observação, vidro de soldador 14, encontrado em lojas de materiais de construção e de ferramentas.
“É importante adquirir ou encomendar com antecedência pois as lojas (de ferramentas e materiais de construção) costumam dispor de numeração menor, que não oferece proteção suficiente. Formas adequadas de manusear o vidro estão sendo orientadas nas redes sociais do projeto do Planetário Barca dos Céus”, explica a professora.
A realização das atividades programadas está inserida na celebração dos 50 anos do Centro de Ciências Exatas e da Terra da UFRN, sendo também colaboradores essenciais, na mesma, o projeto Capoeira Brasil (UFRN), a facilitadora de Danças Circulares Soraya Delúzia, o Trio Terra, Sol e Lua com Marília Vale, Cadu Araújo e Heather Dea Jennings, o projeto Astronomia no Zênite, a Associação Norte-Riograndense de Astronomia, e o Departamento de Física da UFRN.
O Eclipse Solar Anelar
Na capital potiguar, alguns horários relevantes incluem o início da parcialidade às 15h29, o início do anel (anularidade) às 16h43, a anularidade máxima às 16h45 e o fim da anularidade às 16h47.
O fenômeno passará então pela sua última fase, de nova parcialidade, com a Lua agora saindo da frente do disco solar. Esse último momento poderá ser acompanhado somente até o pôr do sol às 17h13, marcando o fim da visibilidade do eclipse.
“Durante o período de anularidade, os espectadores terão a oportunidade de ver o característico “anel de fogo”, quando a Lua estará inteira à frente do Sol, deixando apenas uma borda brilhante deste, visível para nós. Esse momento único e tão esperado durará 3 minutos e 37 segundos e será o grande destaque do fenômeno que iremos acompanhar”, enfatiza a professora Auta Stella.
Diferentemente do eclipse solar total, onde a Lua, ao se alinhar com o Sol, cobre completamente o disco solar, no eclipse anular, ela deixa apenas uma borda brilhante visível de nossa estrela, propiciando a visão do “anel de fogo” em torno dela.
“A possibilidade de termos um eclipse solar do tipo total ou anelar quando ocorre um perfeito alinhamento entre Sol e Lua da perspectiva da Terra, ocorre pela órbita elíptica da Lua, que a coloca a uma distância variável da Terra. Quando a Lua está mais distante da Terra em sua órbita, ela não consegue cobrir completamente o Sol, resultando no eclipse anular. Tal como ocorre para o eclipse solar total, é uma visão rara de se repetir para um mesmo local do planeta e de tirar o fôlego, cativando astrônomos amadores e entusiastas do céu em todo o mundo”, finaliza ela.
O Planetário
O Planetário Barca dos Céus, que existe no atual formato desde 2013, é um projeto do Grupo de Pesquisa em Ensino de Física e Astronomia (GPEFA) do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) da UFRN. Seu nome é uma homenagem à constelação da Barca, que historicamente foi usada como indicativo de chuva e meio de orientação por conhecedores tradicionais do estado – pescadores artesanais e agricultores – e que guarda semelhança com constelações de povos africanos e indígenas.