Quando a aeronave aterrissou e o motor parou de girar, tudo ficou em silêncio. Não fosse pelo vento forte, a calma seria absoluta. Mas, afinal, o que era um pouco de vento e poeira diante de toda a agitação de uma guerra? Pierre Clostermann desceu da aeronave e pisou os pés em terra, sua terra. Nem a quantidade de poeira levantada, que, como ele mesmo viria a comentar, deixara seu melhor uniforme com a “aparência de um saco de farinha furado”, poderia estragar aquele momento.
Era uma ocasião especial: 11 de junho de 1944, Dia D mais cinco, e ele acabara de se tornar, junto de seus colegas de esquadrão, o primeiro piloto da França Livre a pousar em sua pátria após quatro longos anos de ocupação alemã. O jovem Pierre Clostermann, então apenas com 23 anos, fazia história. Único filho de um casal francês, Pierre nascera no Brasil em 1921. Seu pai, diplomata, encontrava-se em serviço no país. A despeito de ter retornado à França com apenas 1 ano, regularmente a família passava férias no Brasil.
Ele estudou em Paris e aos 16 anos de idade se mudou para o Rio de Janeiro, onde continuou seus estudos no Liceu Franco-Brasileiro. Nas horas vagas, frequentava o Aeroclube, onde aprendeu a voar com o instrutor alemão Karl Benitz – que viria a ser morto em combate pela Luftwaffe no ano de 1943.
Em 1938, Pierre partiu para os EUA para estudar engenharia aeronáutica, em Los Angeles. Apesar dos movimentos na Europa, uma guerra ainda parecia distante. Todavia, dois anos mais tarde, com a queda da França em junho de 1940, e depois de uma conversa com seu pai, decidiu se juntar às Forças Livres do general De Gaulle.
Fonte: Revista Aventuras na História