Polícia Federal prende três pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco

A Polícia Federal prendeu hoje (24), no Rio de Janeiro, três pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Outras três pessoas foram alvo de busca e apreensão e obrigadas a usar tornozeleiras eletrônicas. Veja a seguir quem é quem nas investigações.

Domingos Brazão
Político carioca, Domingos Inácio Brazão, 59, foi assessor na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Depois, vereador, entre 1997 e 1999, pelos partidos PT do B (atual Avante) e PL.

Foi eleito deputado estadual em 1999 e ocupou o cargo até 2015. Posteriormente, virou conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado). O órgão é auxiliar do Poder Legislativo e tem como função fiscalizar a movimentação financeira do estado.

Reportagem do UOL, em 2019, revelou que ele era chefe de um clã cujo reduto eleitoral abrangia bairros da zona oeste do Rio dominados por milícias. Domingos nasceu na região, no bairro de Jacarepaguá.

Segundo a PF, Domingos é um dos mandantes do assassinato da vereadora. O conselheiro do TCE-RJ nega.

Chiquinho Brazão
Já Chiquinho Brazão (União-RJ) foi eleito pela primeira vez em 2018, meses antes dos assassinatos em 14 de março daquele ano. É deputado federal e tem uma atuação parlamentar discreta. Relatou somente oito projetos.

O setor mais presente na atuação parlamentar de Chiquinho é a economia. Há três projetos relativos ao tema que estão sob relatoria do deputado.

A PF aponta o deputado como mandante do assassinato, ao lado do irmão. O UOL não conseguiu localizar a defesa de Chiquinho.

Rivaldo Barbosa
Rivaldo Barbosa também foi citado na delação de Lessa. Ele tornou-se chefe da polícia um dia antes da morte de Marielle, nomeado pelo general Walter Braga Netto. Rivaldo foi anunciado para o cargo em 22 de fevereiro, durante intervenção federal no Rio, e empossado em 13 de março de 2018.

Suspeito de receber propina para obstruir investigações. Em relatório enviado ao Ministério Público em 2019, a Polícia Federal apontou Rivaldo como suspeito de receber R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações sobre autoria. Na ocasião, ele negou o recebimento de propina e a obstrução do caso.

Rivaldo foi preso por, supostamente, ter atrapalhado as investigações e colaborado no planejamento do crime. A defesa disse que irá se manifestar quando tiver acesso aos autos do processo e à decisão da prisão.

Giniton Lages

Giniton Lages, 50, foi um dos alvos dos 12 mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF neste domingo. O delegado é ex-titular da Delegacia de Homicídios.

Nomeado por Rivaldo. Um dia após a morte de Marielle, Giniton é nomeado por Rivaldo como sucessor dele na Delegacia de Homicídios da Capital. Giniton passa a ser o responsável pela investigação do crime; antes disso, trabalhava na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

A partir disso, começaram algumas ações para tentar obstruir ou atrapalhar as investigações, segundo o relatório. Logo nos “meses iniciais de investigação”, período no qual o “ambiente probatório se apresentava altamente favorável para a colheita de elementos de convicção”.

Giniton chegou a escrever um livro sobre Marielle Franco. Ele foi o primeiro a chefiar as investigações sobre a morte da vereadora, mas admitiu erros e foi trocado. A equipe chefiada por ele alegou ter tido problemas na obtenção de imagens para observar o caminho do veículo, o que ajudaria a refazer todo o trajeto e, eventualmente, chegar aos executores.

Parecer da PGR diz que polícia inventou “justificativa esfarrapada”. O objetivo era não obter imagens do Centro de Convenções Sulamérica e locais próximos ao Quebra-Mar, alegando “defeito de codec” (quando um arquivo de vídeo não pode ser executado).

Marco Antônio de Barros Pinto, comissário da Polícia Civil, também teria atrapalhado as investigações. Já Erika de Andrade de Almeida Araújo, esposa de Rivaldo, teria colaborado com o marido na lavagem de dinheiro de origem ilícita.

Fonte: UOL