O Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) realiza, no próximo dia 7 de agosto, a palestra Computação Quântica: realidade atual, potencial impacto e perspectivas industriais, ministrada pelo professor Anderson Cruz. O evento, que se inicia às 18h30, recebe o público a partir das 18h no auditório do Centro de Tecnologia (CT) da UFRN, localizado em frente ao Complexo Tecnológico de Engenharia (CTEC).
A entrada é livre, no entanto, para receber certificado de participação, os interessados deverão se inscrever via Sigaa/Gov.br até o dia do evento. O encontro integra a abertura do 1º Ciclo de Palestras sobre Computação Quântica do IMD, organizado por um grupo de pesquisa, formado por docentes do Instituto e de outras unidades da UFRN, que se dedica a promover estudos e iniciativas dentro dessa temática.
As palestras vão ocorrer quinzenalmente até o final do ano, sempre com assuntos diversos relacionados à Computação Quântica e contando com convidados oriundos não apenas da UFRN, mas também de universidades de outros estados do país e do exterior.
“Nosso objetivo é formar capital intelectual e pessoas interessadas no tema, no IMD e na UFRN como um todo. Para isso, o Ciclo de Palestras funciona de modo a sensibilizar a comunidade sobre a importância de desenvolver essa área”, destaca Anderson Cruz.
Ele conta que o interesse inicial é realizar estudos em áreas como Cibersegurança, Inteligência Artificial Quântica, Comunicação Quântica e Mecânica dos Fluidos Computacional. Além de docentes do IMD, o grupo de pesquisa também conta com professores do Departamento de Informática e Matemática Aplicada (DIMAp) e do Instituto Internacional de Física (IIF).
Corrida
O professor destaca que, atualmente, existe uma corrida global, que inclui principalmente os países desenvolvidos, na busca pelo domínio dessa tecnologia. “Quem tiver uma internet quântica estará potencialmente mais protegido”, afirma ele, dando destaque ao aspecto da segurança informacional relacionada à Computação Quântica.
Isso ocorre, entre outras razões, pelo fato dos computadores quânticos serem capazes de realizar determinadas modalidades de cálculo – como a fatoração de grandes números inteiros – de forma muito mais rápida que os computadores tradicionais, o que tornará inseguros os métodos de criptografias atuais, como o RSA.
Apesar dessa corrida ser liderada por países como Estados Unidos e China, também o Brasil começa a investir nas pesquisas voltadas à Computação Quântica. Um exemplo diz respeito a um edital de chamada pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), lançado no final de 2023, que contemplou, com financiamento total de R$ 9 milhões, três projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) voltados para o desenvolvimento de dispositivos e protocolos habilitadores de comunicação quântica.
Além disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou, também no final do ano passado, investimentos da ordem de R$ 60 milhões para a criação do Centro de Competência Embrapii em Tecnologias Quânticas. Na ocasião, o Centro de Educação, Inovação e Tecnologia Senai/Cimatec, em Salvador (BA), foi divulgado como a instituição selecionada para liderar a iniciativa.
Computação quântica
A Computação Quântica é uma área da Ciência da Computação que toma por base os princípios da mecânica quântica para processar informações. Diferente dos computadores comuns, os computadores quânticos utilizam os chamados ‘qubits’ como unidade básica de informação, em vez dos bits da computação digital.
Os qubits podem estar simultaneamente em múltiplos estados (superposição quântica), ao contrário dos bits, que necessariamente estão no valor 0 ou no 1. Além disso, essas unidades de informação da computação quântica também podem se conectar entre si e ser processadas de maneiras impossíveis na computação clássica (emaranhamento e paralelismo quântico). Essas características geram diversas consequências, entre elas uma velocidade potencial de processamento exponencialmente maior do que a da computação digital.
Os computadores quânticos também possuirão uma maior capacidade de simulação dos fenômenos da natureza, o que deve levar a aplicações e avanços importantes em campos como a química e a biologia, de modo geral, e também em aplicações em áreas como a física de materiais e o desenvolvimento de medicamentos, entre muitas outras.