O que existe no manto da Terra? Cientistas escavaram 1,2 km para investigar

Quais segredos guardam o manto da Terra? Para tentar responder essa pergunta, cientistas holandeses escavaram 1.268 metros na Dorsal Mesoatlântica, localizada no meio do Atlântico Norte, onde já existe uma fissura natural na crosta terrestre. Foi a escavação mais profunda no manto superior feita até hoje. Os resultados da análise das amostras coletadas estão em um artigo da revista Science publicado na última semana.

Esse feito inédito é fruto de esforços para investigar o manto superior, a camada logo abaixo da crosta, que contém informações cruciais sobre o funcionamento do núcleo e a origem do planeta – que, até então, eram um enigma para os cientistas.

Tentativas anteriores de acessar camadas profundas do manto atingiram apenas 201 metros, sendo possível apenas retirar fragmentos da camada. Porém, os pesquisadores se aproveitaram uma exposição natural do manto observada no Maciço Atlantis, uma montanha submarina localizada perto de uma região vulcânica ativa da Dorsal Mesoatlântica, para realizar escavações ainda mais profundas.

Como destacou a revista New Scientist, a área possui características ideais para esse tipo de pesquisa. Devido à intensa atividade vulcânica, partes do manto emergem e derretem constantemente, formando muitos dos vulcões. Esse processo permite que a água do mar penetre cada vez mais profundamente no manto, onde é aquecida e gera compostos químicos como o metano.

Esse metano, por sua vez, sobe de volta à superfície através de fontes hidrotermais, fornecendo energia para a vida microbiana. A região é conhecida como Campo Hidrotermal da Cidade Perdida, descoberta no início do século e marcada por torres minerais formadas cerca de 120 mil anos atrás.

Para fazer a perfuração, os pesquisadores utilizaram o navio de pesquisa JOIDES Resolution. A estimativa inicial era de cavar 200 metros, já que a camada do manto superior é frágil e tende a se desmontar assim que as brocas começam a trabalhar. Mas a operação acabou fluindo tão bem que a equipe decidiu seguir até chegar aos 1.268 metros de profundidade. Muitas amostras, de uma grande extensão da camada foram, então, coletadas e levadas ao laboratório.

Fonte: Revista GALILEU