Há algumas semanas, uma equipe de cientistas levantou a hipótese de que o planeta possui uma fonte de oxigênio até então desconhecida, e forneceu evidências sobre o fenômeno em um estudo publicado na revista Nature Geoscience em julho. De acordo com a pesquisa, nódulos ricos em metais, que se formam naturalmente no assoalho oceânico, seriam responsáveis por produzir oxigênio – sem depender da fotossíntese.
Com a divulgação do estudo, há dois meses, os autores do artigo destacaram que a mineração do ecossistema poderia destruir essa fonte natural de “oxigênio negro”, como é chamado. Agora, críticos da pesquisa questionam os resultados, afirmando que não há sinais de aumento da oxigenação da água nas águas acima da região dos nódulos.
O questionamento vêm desde cientistas independentes quanto de companhias de mineração do fundo do mar. A principal delas é a The Metals Company, que publicou um artigo-crítica, ainda não publicado em uma revista científica, alegando que a equipe de pesquisa não apresentou um quadro completo de evidências.
A empresa patrocinou alguns dos cruzeiros de pesquisa para a Zona Clarion-Clipperton, no oceano Pacífico, e argumenta que o oxigênio encontrado poderia ser oriundo de bolhas de ar presas ou vazamento de eletricidade do equipamento de águas profundas usado pelos pesquisadores. A profundidade da zona não permite que a luz solar estimule a fotossíntese no local, a 4,5 km de profundidade.
O projeto europeu Mining-Impact2 também pode publicar em breve uma contestação. Há anos fazendo leituras semelhantes em campos de nódulos de metais, a equipe não via sinais de produção de oxigênio. Eles ainda não publicaram seus dados, mas o biogeoquímico marinho Matthias Haeckel, que liderou o projeto, questionou o estudo, em entrevista à revista Science: “A grande questão é: por que Andrew [Sweetman, pesquisador que liderou o estudo] às vezes via isso, e nós ainda não?” Sweetman afirma que sua equipe está trabalhando para rebater as críticas.
Fonte: Revista Galileu