A atriz Ingrid Guimarães gerou repercussão nas redes sociais ao relatar que foi coagida e ameaçada a mudar de lugar no avião por funcionários da companhia American Airlines. Ela conta que o episódio aconteceu no dia 7 de março, enquanto voltava de Nova York para o Rio de Janeiro.
A artista, que estava sentada na seção Premium Economy (classificação de assento mais cara do que a classe econômica, mas mais barata que a executiva), foi obrigada a ceder seu lugar para um passageiro da classe executiva, já que um assento da primeira classe havia quebrado. “É óbvio que vou processar, mas não tem dinheiro que pague o que eu passei”, disse, em entrevista ao jornal O Globo.
A atriz relatou mais detalhes sobre o caso em um vídeo divulgado nesta segunda-feira (10) em seu perfil no Instagram. “Quando eu estava já sentada, com o cinto colocado, pronta para voar, veio um funcionário e me disse o seguinte: você vai ter que sair, você foi escolhida para sair e ir para a [classe] econômica porque quebrou uma cadeira de uma pessoa da executiva”, lembrou.
Após ela se recusar a deixar seu lugar, outro funcionário, segundo Guimarães, teria chegado “falando alto”, e dito que, se ela não saísse, “nunca mais viajaria de American Airlines”. Eventualmente, uma voz no microfone do voo pediu que todos os passageiros se levantassem, pois uma passageira “não estava colaborando”.
“Ou seja, eles me colocaram contra o voo inteiro para me coagir a sair do lugar”, declarou a atriz. “É claro que as pessoas que não sabem da história começaram a ficar chateadas, começaram a brigar comigo, a gritar comigo, dizer que eu estava atrapalhando lá o voo. E eu, diante desse constrangimento público, saí do meu lugar e fui para um lugar que não era o meu”.
Em seguida, ali mesmo, Ingrid recebeu 300 dólares (cerca de R$ 1,7 mil) como compensação pelo ocorrido. Ela descobriu, após conversar com um comissário, que havia sido selecionada para sair de seu assento “por ser uma mulher desacompanhada”.
“Uma mulher viajando sozinha, que não tem um homem ao lado para gritar, para se impor. É isso. E um pequeno detalhe, o dia que eu cheguei [no Brasil] foi dia 8 de março, o dia internacional da mulher. Tá bom para vocês?”, lamentou.
Afinal, quais são as regras da American Airlines?
De acordo com o site da American Airlines, a companhia aérea “se esforça ao máximo para colocar os passageiros nos mesmos lugares [que eles escolheram]”. Porém, “quando isso não for possível”, é atribuído um “lugar semelhante”.
Além disso, lugares preferenciais são “reservados” a clientes especiais, que pagam determinadas tarifas (grátis para membros AAdvantage Executive Platinum, Platinum e Gold, por exemplo). Contudo, mesmo esses assentos podem ser modificados caso necessário — e a empresa especifica que “alterações voluntárias relativamente a lugares pagos não são reembolsáveis”.
Em nota ao jornal Metrópoles, a American Airlines afirmou que seu “objetivo é proporcionar uma experiência de viagem positiva e segura para todos os nossos passageiros”. A companhia afirmou que um membro da equipe “está entrando em contato com a cliente para entender mais sobre sua experiência e resolver a questão”.
O que diz a legislação brasileira?
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) prevê que a empresa aérea pode, sim, modificar o assento marcado previamente e acomodar alguns passageiros sem obrigação de aviso prévio. Mas isso só em caso de “necessidade operacional”. Se a quebra de um assento da classe executiva seria um exemplo desse tipo de necessidade, é algo não especificado na FAQ da agência.
Apesar da possibilidade de realocação de assentos, a entidade reforça que o “certo é que cada passageiro terá um assento dentro da aeronave”. Por outro lado, é possível que alguém fique de fora do avião caso ele exceda sua capacidade.
Essa situação está prevista pelo artigo 23 da resolução Nº 400 da Anac. O texto diz que “sempre que o número de passageiros para o voo exceder a disponibilidade de assentos na aeronave, o transportador deverá procurar por voluntários para serem reacomodados em outro voo mediante compensação negociada entre o passageiro voluntário e o transportador”.