Há quase um ano, desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, Elza Soares tem no seu novo normal, todos os dias, um companheiro infalível —o mar de Copacabana, parte da rotina ao lado de um bom café, de exercícios e das redes sociais, que adora. Elza Soares são muitas. E neste momento todas elas não param. A compositora bota fé que vai emplacar o samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola do seu coração, no próximo Carnaval.
A intérprete acaba de lançar sua versão de “Nós”, composição de Tião Carvalho, acompanhada de um clipe, em homenagem às mulheres neste 8 de março. E, em corpo e voz, a artista também mostra sua força na televisão, nesta segunda (8) à noite, no especial Falas Femininas, na Globo.
No programa —que retrata o cotidiano de cinco brasileiras—, Elza interpreta a canção “O que se Cala” e dá seu depoimento sobre ser mulher nos dias atuais.
Aos 90 anos, a musa da voz, emblema de superação, embala esses muitos projetos junto a assessores, parentes e amigos —virtual ou presencialmente—, ao som do vaivém das ondas que contempla da varanda do seu apartamento. Nem o coronavírus nem as oscilações de um outro marulhar, mais turbulento —o de um Brasil que ela conhece bem—, tiram seu humor.
“Meu dia a dia é gozado. Eu me levanto cedo, para pegar sol, tomo meu café, vejo o mar de Copacabana —é minha paixão. E você sabe que o artista funciona na parte da tarde… Na parte da manhã é difícil funcionar, meu Deus!”, se diverte. “E assim eu vou passando meu dia a dia, faço o meu exercício, minha fisioterapia. Eu amo rede social, adoro.”
Nas suas contas de Twitter e Instagram, por exemplo, Elza comenta de tudo um pouco, da campanha de vacinação contra a Covid-19 —ela acaba de receber a segunda dose— a episódios do Big Brother Brasil, das séries a que está assistindo a imagens de aglomeração que a deixam preocupada.
Seu papel como referência na luta antirracista e feminista está sempre presente. “A gente está vendo o próprio negro sendo racista. A gente está vendo exemplos na cara da gente”, afirma, em entrevista à Folha. “E as mulheres… continuem denunciando: 180, por favor. Você, que é vizinho, meta a colher mesmo, grite, ajude a gritar.”
Fonte: Folha de São Paulo