Agricultura familiar: volume de vendas na Feira Nordestina ultrapassou R$ 600 mil

Muito mais do que café, almoço e janta, a 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (FENAFES) – realizada em Natal (RN), de 15 a 19 de junho no Centro de Convenções – comprovou que o movimento camponês tem outras riquezas para ofertar à sociedade. Conhecimento, tecnologia, respeito ao meio ambiente e às diferenças, partilhas, trocas, saberes, sabores e, claro, trabalho, emprego e renda por meio de um dos modos de produção mais remotos da humanidade: a agricultura familiar. No total, cerca de 100 atividades, contando as atrações culturais, mobilizaram um público estimado de pelo menos 20 mil pessoas.  Em cinco dias de evento, o faturamento bruto contabilizado nos estandes e na vila gastronômica excedeu a cifra de R$ 600 mil entre produtos frescos, beneficiados, alimentos processados e prontos para consumo.

“A realização da primeira edição da Feira Nordestina da Agricultura Familiar, aqui em Natal, é um marco porque na contramão do que o governo federal vem fazendo, que é o desmonte das políticas públicas dessa área tão importante, o Rio Grande do Norte e o Nordeste estão investindo, estão implementando ações políticas na direção do fortalecimento da agricultura familiar. Um governo comprometido em combater a desigualdade social, que tem compromisso em garantir a segurança alimentar, faz o que o governo do Rio Grande faz e os demais estados do Nordeste estão fazendo: investindo em ações concretas e é isso o que expressa a Feira Nordestina”, declarou a governadora Fátima Bezerra.

Durante a Feira, o Governo do RN entregou o veículo tipo van que funcionará como a Feira Móvel (administrada pela UNICAFES-RN) e 40 certificados de produção agroecológica, em parceria com a Rede Xique-xique por meio do projeto de Certificação Participativa financiado pelo Estado. Também foram oficializados os lançamentos das cervejas Anacardia e Cajanas (produzidas pela cervejaria Bacurim em parceria com UNICAFES-RN, com insumos de frutas nativas potiguares, caju a cajarana), e da série Vozes do Semiárido (disponível no Youtube), sobre a qual a governadora citou que o projeto, executado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), em parceria com Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF), reforça a importância dos homens e das mulheres do campo, e também da sociedade civil organizada comprometida com o setor, como é o caso do cooperativismo, representado por entidades como o Sistema OCERN – Organização das Cooperativas do RN, uma das apoiadoras do evento.

Além da visita ilustre do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e da participação do governador e presidente do Consórcio Nordeste Paulo Câmara (PE), da governadora Regina Sousa (PI), da vice-governadora Eliane Aquino (SE) e da presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade, estiveram presentes mais de 200 gestores(as) que trabalham com temas pertinentes à agricultura familiar no Nordeste, como agroecologia, acesso à terra e convivência com o semiárido.

Foram inscritas 2.086 mil pessoas nas atividades formativas, recebemos caravanas que totalizaram mais de 2 mil agricultores(as) familiares potiguares para visitar a Feira, que contou com a participação de instituições e movimento sociais nacionais como FIOCRUZ, Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Confederações Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e na Agricultura Familiar (CONTAG e CONTRAF), Marcha Mundial das Mulheres, Articulação do Semiárido Brasil (ASA), Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), e agências de cooperação como o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Associação Internacional para Cooperação Popular (IAPC).

REMÉDIO CONTRA FOME

Coordenador da Câmara Temática e do Fórum Eugênio Peixoto de Gestores(as) da Agricultura Familiar do Nordeste, o secretário Alexandre Lima (SEDRAF) reafirmou a importância da 1ª FENAFES no contexto em que o Brasil estima que uma população de 33 milhões de pessoas passa fome, ao mesmo tempo em que o agronegócio ganha espaço no Governo Federal. “Em todos os momentos históricos que a agricultura familiar foi chamada para combater a fome, ela respondeu por ser um elemento importante de superação desse problema. Mas, infelizmente a situação atual é de um total desmantelamento das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar. No entanto, no Nordeste, existe uma resistência dos governos regionais, que já estão se articulando em torno do programa unificado que tem a centralidade na agricultura familiar”, disse.

O gestor reforça que parte da solução para superação da fome está no fortalecimento deste importante segmento, que produz mais de dois terços dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira. E é nesse contexto, segundo ele, que a articulação entre os estados nordestinos reafirma sua importância estratégica. “O Consórcio Nordeste é um elemento novo que dá liga à problemática regional. Então, o que era pensado separadamente, hoje é de forma articulada, sendo o contraponto ao completo desmantelamento das políticas públicas nacionais, que estão fragmentadas. O Consórcio vai na contramão e na resistência para expressar, de forma muito clara, que é possível sim fazer as coisas e melhorar a vida do povo”.

ENCONTRO DE NEGÓCIOS

A Feira Nordestina foi uma co-realização do Governo do Estado Rio Grande do Norte e a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do RN – UNICAFES-RN, voltada ao fomento e à valorização da agricultura familiar nordestina. Os nove estados nordestinos marcaram presença, e trouxeram produtos que confirmam a diversidade da região. Presidente da entidade no estado, Fátima Torres destacou a realização de dois Encontros de Negócios que uniram cooperativas e representantes de Associação dos Supermercados do RN (Assurn).

“As redes de supermercado participantes já sinalizaram interesse na aquisição de mel e ovos caipiras do RN e do açúcar demerara de Alagoas. E nós, representando a UNICAFES, aproveitamos para adquirir vegetais dos expositores de outros estados e também ficamos com todo o estoque que sobrou da cooperativa Terra Livre, de cereais e alimentos processados como farinha láctea, achocolatado, sucos orgânicos, entre outros”, disse.

Todos os pavilhões estavam recheados de produtos da agricultura familiar, comercializados segundo preceitos da economia solidária, que prevê o acesso justo ao mercado. Chocolate e café; queijos e seus derivados; cervejas, cachaças e polpas de frutas; castanhas, amêndoas, biscoitos, além do artesanato de fibras vegetais variadas. Também teve troca e venda de sementes crioulas e mudas de plantas cultivadas nos quintais produtivos.  

Além da SEDRAF, o Governo do RN esteve representado pelo projeto Governo Cidadão, que financia a inclusão produtiva e fomenta a agricultura familiar potiguar, e investiu na estrutura do evento o valor de R$ 640 mil, fruto do acordo de empréstimo com o Banco Mundial; Secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e Assistência Social (SETHAS), que organizou o pavilhão da Economia Solidária; Instituto Técnico de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RN), que esteve presente na organização do evento principalmente no aspecto técnico e nutricional; Fundação José Augusto/SEEC (organizou toda a programação cultural e, diga-se de passagem, um sucesso de público e crítica); e Agência de Fomento (AGN), Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) e Empresa de Pesquisa Agropecuária (EMPARN).

O evento teve ampla cobertura por meio de gestão integrada de comunicação, que envolveu assessorias públicas, institucionais e de movimentos sociais, e também da imprensa regional, nacional e internacional.

SERVIÇO: Consuma produtos da agricultura familiar e ajude a fomentar esse vasto mercado.

NATAL (RN) – Mercado da Agricultura Familiar – 6h às 14h (esquina das avenidas Jaguarari e Capitão-mor Gouveia);  Feira do Centro Administrativa (toda quarta-feira, das 7h às 17h), e fique de olho no calendário da Feira Móvel. Siga @mercadodaagriculturafamiliar. Nas demais cidades do estado, visite feiras agroecológicas e lojas de cooperativas.