Agrotóxico comum no Brasil causa dano celular em organismos, indica estudo

Em nossa rotina diária, eles passam despercebidos, mas os líquens – organismos formados por associação entre algas e fungos, por meio de uma relação harmônica entre as duas espécies diferentes – indicam a boa qualidade do ar. Ou seja, são bioindicadores. Estudos apontam que liquens em áreas de Preservação Permanente (APP) do Cerrado brasileiro são afetados pelo glifosato, um herbicida utilizado na agricultura para controlar ervas daninhas.

Pesquisadores do Instituto Federal Goiano (IFGoiano) concluíram que a estrutura dos talos, a capacidade de realizar fotossíntese e metabolizar substâncias são danificadas pelo produto, segundo estudo publicado nesta segunda (28) na revista Brazilian Journal of Biology.

Os dados mostram que os líquens expostos a maiores quantidades do herbicida têm mais células mortas. Em algumas espécies, a concentração de clorofila e a absorção da luz usada na fotossíntese também diminui. O estudo foi realizado a partir da coleta de duas espécies de liquens presentes em uma APP no município de Caiapônia, em Goiás, após serem retirados de troncos de árvores. A amostra foi analisada em laboratório do IFGoiano para investigar seu comportamento em diferentes concentrações e tempos de exposição ao glifosato.

Ao ser pulverizado sobre a plantação, o glifosato é carregado por correntes aéreas. E como os liquens são sensíveis à presença do herbicida, quando pulverizados, podem bioindicar a presença do poluente no ar, mesmo não estando expostos diretamente ao produto aplicado sobre áreas de produção agrícola. Segundo Luciana Vitorino, autora do estudo, a propagação não intencional do produto é o foco da investigação. “Nós queríamos avaliar o potencial destes líquens como bioindicadores da dispersão desse herbicida a partir de áreas agrícolas, impactando todas as comunidades residentes em áreas de vegetação nativa inseridas nas regiões agrícolas”, afirma a pesquisadora.

Fonte: Revista GALILEU