Em 2024, a Amazônia bateu o recorde de incêndios para fevereiro: até esta quarta-feira (28), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) havia detectado 2.961 focos – o maior valor para este mês desde que a série histórica do bioma começou a ser registrada em junho de 1998.
Até agora, o recorde pertencia a fevereiro de 2007, quando foram identificados 1.761 focos de incêndio. Já em comparação com 2023, os números de 2024 correspondem a pouco mais que o quádruplo dos 734 que ocorreram no ano anterior.
Os quase 3 mil incêndios também são expressivamente superiores à média histórica referente a fevereiro, que corresponde a 807. Destaca-se ainda que, dos 2.961 focos do mês, 2.002 aconteceram em Roraima.
Inclusive, o Serviço de Monitorização da Atmosfera Copernicus (CAMS) chama atenção para a estimativa mensal total de emissão de carbono relacionada a queimadas para o estado, que corresponde a 2,3 megatoneladas – o nível mais alto já registrado em fevereiro pelo CAMS.
“O fator climático certamente tem um papel fundamental nessa anomalia”, afirma Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), à AFP. Segundo a especialista, o estresse ambiental ao qual a Amazônia está submetida “gera todas as condições necessárias para que cada incêndio vire um grande incêndio”.
Tal estresse está associado à crise climática. “Temos visto a Terra quebrar recordes de temperatura. Todo ano é o ano mais quente e isso tem sinergia com fenômenos climáticos”, explica Alencar.
As secas que afetaram intensamente a Amazônia entre junho e novembro de 2023, por exemplo, provocaram grandes queimadas e prejudicaram reservas de água do bioma. Além disso, a diretora do IPAM reconhece que alguns focos de incêndio podem ter sido resultado de queimadas feitas por agricultores para limpar a terra, com o objetivo de prepará-la para o plantio.
Fonte: Revista Galileu