Apenas 27% das mulheres em cursos de ciências concluíram os estudos

A porcentagem de mulheres que se formam em cursos de ciências, tecnologia, engenharia e matemática no Brasil caiu quase pela metade desde a pandemia da covid-19.

Em 2019, 53% das mulheres que ingressaram em cursos dessas áreas se formaram, enquanto 37% dos homens receberam os diplomas. Desde 2020, ambas porcentagens caíram, mas entre as mulheres a queda foi maior. Em 2023, 27% das mulheres e 23% dos homens concluíram a formação. Isso representa, para elas, uma queda de 48% na taxa de formação e, para eles, uma queda de 36%.

As informações são de levantamento feito pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, a partir de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado nesta terça-feira (11), no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

Para o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski, os dados, desde a pandemia, são preocupantes. “A taxa de conclusão vem caindo entre elas e eles, mas em maior intensidade entre as mulheres, provavelmente reflexo de impactos econômicos, como o desemprego ou a queda na renda, e de questões envolvendo as tarefas de cuidado das famílias”, avalia.

A vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Francilene Garcia, explica que, em períodos de crise, as mulheres acabam sendo mais demandadas.

“[A pandemia] Afetou a todos e afetou muito as mulheres. É natural que a gente entenda que há uma pressão maior da sociedade sobre as mulheres em períodos de crises sanitárias como essa que a gente viveu. As mulheres acabam sendo demandadas a assumir ou ocupar espaços junto ao seu núcleo familiar, o que muito provavelmente as colocou em situações desfavoráveis para continuar a formação”.

Francilene Garcia acrescenta que ao longo dos últimos anos políticas afirmativas como ofertas de bolsas de estudos, editais voltados para mulheres, entre outras, desenvolvidas tanto pelos governos quanto por fundações de amparo à pesquisa e outras organizações, foram fundamentais para a inclusão de mulheres, e que agora essas políticas precisam também olhar para a garantia da formação delas.

“É importante que a gente revisite as políticas e faça os ajustes para que essa presença das mulheres seja mais forte”, defende a vice-presidente da SBPC.

Fonte: Agência Brasil