Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP alcançaram um marco significativo na remoção de substâncias tóxicas da água usando materiais acessíveis e de fácil obtenção. O experimento, conduzido pela cientista Vanessa Labriola, focou na aplicação de lã de aço e água oxigenada para eliminar substâncias comuns em produtos industriais e de consumo, como fenol, bisfenol A (BPA) e tetrabromobisfenol A (TBBPA), causadores de danos ao ambiente e nocivos aos seres humanos. Em poucos minutos, o método degrada 100% dos contaminantes, transformando poluentes em gás carbônico e água, que podem ser usadas em irrigação, atividades industriais e para regar plantas.
O fenol, por exemplo, está presente no efluente de vários tipos de indústrias. Já o bisfenol A, por sua vez, é encontrado em plásticos, enquanto o tetrabromobisfenol A é um retardante de chama aplicado em diversos produtos. Embora esses compostos apareçam em concentrações muito baixas em rios e no meio ambiente em geral, eles podem se acumular e causar sérios impactos à natureza e à saúde humana, podendo desregular o sistema endócrino, responsável pela produção de hormônios.
“Estudos indicam que essas substâncias podem afetar negativamente a tireoide, as mamas e o sistema reprodutor masculino, incluindo a próstata, além de causar alterações hormonais em peixes”, explica Vanessa Labriola, doutora em Química Inorgânica e Analítica pelo IQSC. Eduardo Bessa Azevedo, professor do Instituto e orientador da pesquisa, destaca a importância do monitoramento desses contaminantes, pois além de não haver legislação que limite seu descarte, os sistemas atuais de tratamento de água não conseguem removê-los de maneira eficaz.
“Esses sistemas foram originalmente projetados para remover contaminantes conhecidos na época de sua construção”, afirma o professor. “Apenas recentemente, com os avanços nas metodologias analíticas, passamos a detectar esse tipo de poluente”.