A mecânica quântica já é um campo consolidado da física que investiga as interações entre as partículas em escala menor que um átomo – em que as leis da física clássica não se aplicam da mesma maneira. Ela é base teórica de diversas áreas de estudo da própria física e da química, inclusive com aplicações tecnológicas, de canetas laser e GPS à ressonância magnética e computação quântica. As ciências da vida também estão começando a perceber que ela pode ser uma ferramenta útil para desvendar processos biológicos.
“Os fenômenos que estão tendo sua possível base quântica investigada vão desde o nível molecular até o de organismos inteiros. Por exemplo, os processos moleculares de fotossíntese nas plantas e de respiração celular nas mitocôndrias, assim como a regeneração de organismos como planárias e a migração de aves orientadas pelo campo magnético da Terra”, enumera ao Jornal da USP o físico Sérgio Ferreira, diretor científico da IDOR Ciência Pioneira, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor).
Para estimular a formação de uma comunidade de pesquisadores interessados em desenvolver estudos nesta nova e fascinante área, a iniciativa organiza a Escola de Biologia Quântica, que acontece de 11 a 15 de agosto em Paraty (RJ). O evento, que reúne alunos e palestrantes de diversas instituições, vai discutir fundamentos e potenciais da área.
Clarice Aiello – Foto: Arquivo Pessoal
“É um campo supernovo e com grande potencial. Não é uma curiosidade científica. Por isso é importante que a primeira escola seja no Brasil”, afirma Clarice Aiello, engenheira quântica e diretora científica do Quantum Biology Institute. Ela acredita que o País tem a chance de se posicionar como líder em pesquisas em biologia quântica.
“No futuro, o ajuste fino das propriedades quânticas da natureza pode permitir que pesquisadores desenvolvam dispositivos terapêuticos que sejam não invasivos, controlados remotamente e acessíveis com um telefone celular. Tratamentos eletromagnéticos podem ser potencialmente usados para prevenir e tratar doenças, como tumores cerebrais, bem como na biofabricação e no aumento da produção de carne cultivada em laboratório”, projeta Aiello em texto no site The Conversation.
Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/area-de-fronteira-biologia-quantica-busca-atrair-pesquisadores/