A polícia argentina invadiu e fechou uma editora que vendia na internet livros com conteúdo nazista e antissemita, disseram autoridades nesta quarta-feira (13/09), descrevendo como “histórica” a apreensão de mais de 230 livros com propaganda nazista.
Após uma investigação de dois anos, policiais invadiram uma gráfica em uma casa no subúrbio de San Isidro, em Buenos Aires, onde encontraram publicações com suásticas e marcas do grupo paramilitar SS – que desempenhou um papel fundamental na aplicação das ideologias do líder alemão nazista Adolf Hitler.
“Ainda estamos surpresos com a quantidade de material. É algo histórico. É uma verdadeira editora de difusão e venda de simbologia, livros e doutrinação nazista”, disse o chefe da Polícia Federal Argentina, Juan Carlos Hernandez.
“Alta qualidade”
Ele disse que o “material de alta qualidade” era vendido abertamente em sites de comércio eletrônico “com um alto nível de compras e consultas”. “Não descartamos que seja a ponta de um iceberg. Por enquanto, cortamos as linhas de distribuição, mas a lei também pune quem consome” esse material.
Hernandez explicou que mesmo a exibição de símbolos nazistas é contra as leis argentinas porque “justifica, reivindica e até venera as atrocidades cometidas pelo regime nazista contra a comunidade judaica”.
Em 2019, um conjunto de 83 objetos nazistas apreendidos pela polícia em Buenos Aires dois anos antes foi entregue ao Museu do Holocausto da Argentina.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Argentina tornou-se um refúgio para os nazistas, muitos dos quais fugiram para lá com a bênção do presidente Juan Perón, de acordo com o Centro Simon Wiesenthal. Entre eles incluíam-se criminosos de guerra influentes do regime nazista, como Adolf Eichmann – considerado um dos principais arquitetos do plano de Hitler para exterminar os judeus da Europa – que foi capturado em Buenos Aires em 1960.
O país também abriga a maior população judaica da América Latina, que também é alvo de ataques em território argentino. Em 1994, um atentando a bomba num centro judaico matou 85 pessoas e deixou 300 feridos. O ataque aconteceu apenas dois anos depois de a embaixada israelense ter sido bombardeada, num atentado que resultou em 29 mortos e 200 feridos.
Fonte: DW Brasil