Que dia senhores! Que dia! Hoje, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte protagonizou um episódio que, se não fosse tão sério, talvez pudesse ser considerado uma comédia política. A aprovação da retomada da alíquota de 20% para a cobrança do ICMS, com 12 votos a favor e 10 contra, não só sinaliza uma mudança significativa na política fiscal do estado, mas também revela um fenômeno intrigante: a união inesperada entre os trabalhadores, os sindicalistas e o governo, aplaudindo a medida que, até pouco tempo atrás, teria sido um inadmissível.
Uma colega jornalista que acompanha a política potiguar há tempos não hesitou em afirmar que essa foi a primeira vez na história que viu sindicalistas vaiando a aposição e defendendo aumento de impostos. É, sem dúvida, uma contradição em termos, mas que reflete a realidade complexa em que vivemos. Enquanto em outras ocasiões a palavra “imposto” era um grito de guerra contra a opressão financeira, agora, tornou-se um instrumento para garantir os direitos dos próprios servidores públicos.
O governo de Fátima Bezerra, ao retomar a alíquota anterior, busca atender a uma demanda justa: a recomposição salarial dos servidores do Estado e com essa promessa conquistou o apoio dos trabalhadores. No entanto, essa vitória não vem sem suas controvérsias. A oposição, que outrora se posicionava contra qualquer aumento de impostos, agora se vê em um dilema: como criticar uma medida que, em teoria, visa beneficiar uma classe trabalhadora que sustenta a máquina pública?
A aprovação da alíquota de 20% não é apenas uma questão de números, mas um reflexo das prioridades sociais e políticas. O que se viu na Assembleia foi um embate entre a necessidade de arrecadação e a resistência a mais um peso no bolso do contribuinte. No entanto, é necessário lembrar que, em um estado que enfrenta dificuldades financeiras, o aumento do ICMS pode ser a única alternativa viável para garantir salários e serviços essenciais.
Esse cenário nos leva a questionar: até que ponto a lógica fiscal pode ser manipulada em nome do bem-estar social? Os sindicalistas, ao aplaudirem o aumento do imposto, parecem ter reconhecido que, em tempos de crise, é preciso fazer concessões. No entanto, isso não pode ser uma justificativa para um ciclo interminável de aumentos que penaliza sempre os mesmos.
A política é uma dança complexa, na qual alianças inesperadas podem surgir e o que antes era inimaginável se torna uma realidade palpável. O que precisamos agora é de um debate honesto sobre como equilibrar a necessidade de arrecadação com a obrigação de não onerar ainda mais o cidadão. A vitória do governo pode ser uma conquista, mas não é o fim da discussão. É apenas o início de um novo capítulo na política potiguar, que exige mais transparência, diálogo e responsabilidade.
Neste novo panorama, a população deve estar atenta e exigir que suas vozes sejam ouvidas, independentemente de quem esteja no poder. O futuro do Rio Grande do Norte depende da capacidade de seus representantes de encontrar soluções que sejam justas e sustentáveis para todos.