Os sistemas do Tribunal Superior Eleitoral sofreram dois ataques distintos numa operação coordenada para desacreditar a Justiça Eleitoral. Esta é a conclusão de uma investigação da SaferNet, que trabalha em conjunto com o Ministério Público Federal, e divulgada hoje em reportagem de Patrícia Campos Mello. O primeiro ataque é antigo, certamente anterior a 23 de outubro, e resultou na invasão de algum servidor da Corte. A demora causou irritação a desembargadores em TREs de todo o país. A lentidão do TSE em divulgar as totalizações serviu de matéria-prima para uma das grandes indústrias nacionais, a dos memes.
Os dados capturados, porém, só foram vazados no dia da eleição, de manhã, às 9h25, para fazer parecer que o voto poderia ser inseguro. Mas o sistema de votação é independente da internet aberta e não pode ser violado através dela. O segundo ataque, que os especialistas de segurança chamam de DDoS, não rouba dados. Serve para derrubar servidores e deixar sites ou serviços indisponíveis. Este veio de fora do país, às 10h41, e deixou parte do TSE fora do ar. Em paralelo com ambos os ataques, perfis bolsonaristas nas redes divulgavam mensagens nas redes insinuando fraudes eleitorais. Era, de acordo com Thiago Tavares, presidente da SaferNet, justamente este o objetivo: criar a impressão de insegurança. (Folha)
Segundo o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, a totalização lenta como ocorreu ontem nada tem a ver com os ataques. Pela primeira vez, a soma dos votos das eleições municipais foi centralizada em Brasília, ao invés de ser resolvida em cada Tribunal Regional Eleitoral. E houve um problema técnico. “Um dos núcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo”, explicou Barroso.