Após dias de críticas à Petrobras por causa da política de preços dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro anunciou na noite desta sexta-feira que irá indicar o general Joaquim Silva e Luna, ex-ministro da Defesa e atual diretor-geral da hidrelétrica Itaipu Binacional, para substituir Roberto Castello Branco no comando da estatal. A decisão, que precisa ser chancelada pelo conselho de administração empresa, reforça a presença militar em cargos-chave da administração brasileira e aumenta o temor de agentes do mercado financeiro de que o presidente deseje intervir na estatal para segurar a alta do diesel e acalmar a categoria dos caminhoneiros, uma estratégica aliada do Planalto que ameaçou entrar em greve semanas atrás.
Bolsonaro, que se elegeu prometendo se converter aos preceitos liberais de não intervenção nas estatais, vem dando declarações contraditórias sobre a Petrobras. Na tarde desta sexta-feira, o presidente reafirmou em Pernambuco que haveria mudanças na Petrobras, mas que o Governo “não interferiria” na petroleira. “Teremos mudança sim. Jamais vamos interferir nesta grande empresa e na sua política de preços, mas o povo não pode ser surpreendido com certos reajustes”, afirmou. Bolsonaro cobrou ainda transparência de todos aqueles que ele teve a responsabilidade de indicar, já mandando um recado claro ao presidente da estatal, Roberto Castello Branco. Na noite de quinta-feira, o mandatário chegou a dizer que “obviamente” teria consequência a declaração de Castello Branco de que a ameaça de greve de caminhoneiros não era problema da Petrobras.
Fonte: El País Brasil