O presidente Jair Bolsonaro celebrou nesta terça-feira (08/12) sua eleição para Personalidade do Ano pelos leitores da revista americana Time, dias antes de a publicação anunciar a sua escolha oficial para 2021. O vencedor dessa enquete aberta para qualquer usuário da internet não é a Personalidade do Ano tradicionalmente escolhida pelos editores da Time. A revista só deverá anunciar o nome deste ano em 13 de dezembro
Não é incomum que a votação popular no site da revista seja instrumentalizada por apoiadores de figuras controversas ou deturpada por grupos organizados de trolls. Logo na primeira edição da votação popular, em 1998, o vencedor foi o antigo astro da luta livre Mick Foley, também conhecido pelo nome Cactus Jack.
Nos anos seguintes, figuras controversas como Hugo Chávez, Kim Jong-un e Abdel al-Sisi (o presidente do Egito) também venceram a votação online. No caso de Kim, a vitória, em 2012, foi atribuída a uma movimentação de usuários do 4Chan que queriam “trollar” a revista. Já as eleições de Chávez e Sisi foram celebradas por seus apoiadores da mesma forma como ocorreu com Bolsonaro.
No final, o resultado da votação popular não tem nenhuma influência nas escolhas dos editores da revista e é encarado por observadores apenas como uma forma de gerar tráfego e engajamento para o site da Time. Nos dias anteriores ao anúncio do resultado, diversas redes bolsonaristas no Whatsapp e Facebook convocaram apoiadores do presidente brasileiro a votar no site da revista. Influencers bolsonaristas também conclamaram seus seguidores no Twitter a fazer o mesmo. O próprio presidente fez campanha ao pedir votos na sua tradicional live de quinta-feira.
Com essa movimentação organizada, Bolsonaro acabou abocanhando 24% dos 9 milhões dos votos online registrados na enquete da revista. De acordo com a revista, Bolsonaro bateu o ex-presidente americano Donald Trump, o segundo mais votado pelos leitores, com 9% dos votos, e os profissionais de saúde que trabalham no combate à pandemia, que ficaram em terceiro lugar, com 6,3%.
Fonte: DW Brasil