CAR-T: conheça o tratamento contra o câncer com células do próprio paciente

Células CAR-T. Essas são responsáveis por uma terapia inovadora no combate ao câncer, que está sendo encarada por muitos especialistas como uma nova era na oncologia. A sigla CAR é proveniente da expressão em inglês “chimeric antigen receptor”, receptor quimérico (o que significa que houve a combinação de elementos diversos) de antígeno, em português.

O “T” faz referência ao linfócito T, uma das principais células do sistema imunológico. Elas são unidas em laboratório, dando origem às CAR-T e, depois, são devolvidas ao corpo do paciente. Assim, o próprio organismo se transforma em um tratamento contra o câncer.

Segundo os especialistas, os efeitos colaterais tendem a ser mais controláveis, desde que haja equipes multiprofissionais bem treinadas. Além disso, como essas células modificadas permanecem ativas por muito tempo, elas agem a longo prazo e têm potencial para curar a doença.

O novo método terapêutico, que é um gênero de imunoterapia, é indicado para alguns tipos específicos de câncer sanguíneo, como a leucemia linfoblástica aguda (conhecida como LLA) de células B, os linfomas não Hodgkin e o mieloma múltiplo. Ele deve ser utilizado em pacientes refratários, ou seja, que não responderam bem a outros tratamentos.

“Estamos muito confiantes, pois é uma terapia que demonstra ser bastante promissora. Acredito que, após passar por todas as etapas necessárias, poderá vir a mudar o tratamento de alguns tipos de câncer”, destaca Gustavo Mendes, diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos do Instituto Butantan.

“O uso dessas células transformadas têm mostrado importantes resultados no combate de leucemias e linfomas refratários e é uma opção transformadora que vem ao encontro de uma grande necessidade não atendida”, afirma Lenio Alvarenga, diretor médico da Novartis no Brasil, empresa fabricante do Kymriah, nome comercial do tisagenlecleucel, primeiro produto desse tipo liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que ocorreu em 22 de fevereiro de 2022.

A aprovação do preço do medicamento pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) veio mais tarde, em 5 de outubro do mesmo ano, e foi a última etapa para permitir a sua comercialização por aqui. Ele teve suas primeiras aplicações no país em janeiro de 2023.

Fonte: Revista GALILEU