Faltam pouco mais de cinco meses para as eleições e, em Natal, os pré-candidatos à prefeitura, Paulinho Freire e Natália Bonavides, têm um alvo em comum: o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves.
É intrigante como um político sem tanto carisma e proximidade com o povo, ou mesmo com outros políticos, segue líder na preferência do eleitorado. Como explicar tal fenômeno? Dos Alves, Carlos Eduardo é o mais isolado e soturno. Sua expressão fechada e poucos amigos são uma constante. No entanto, quem trabalha ou trabalhou com Alves alega que, apesar da inabilidade social, ele é competente como gestor. Sua previsibilidade traz certa confiança a muitos eleitores.
Sua trajetória atesta a preferência dos eleitores natalenses, já que foi eleito prefeito da capital potiguar nas eleições de 2012 e reeleito em 2016, ainda no primeiro turno, com 63,42% dos votos válidos. Em 6 de abril de 2018, renunciou ao mandato para disputar as eleições de outubro do mesmo ano ao Senado, com apoio do PT, mas perdeu e ficou sem mandato. Antes disso, ele já havia governado Natal entre 2002 e 2008.
Desde o ano passado, todas as pesquisas de opinião de voto apontam para a vitória de Carlos Eduardo Alves em Natal, ainda no primeiro turno.
Em pesquisa recente, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD) venceria a disputa pelo comando da Prefeitura de Natal, conforme pesquisa de intenção de votos realizada pelo Instituto Datavero. O ex-gestor foi citado por 41,55% dos natalenses consultados no cenário estimulado – quando os nomes dos pré-candidatos são apresentados aos entrevistados. Bem atrás vem a deputada federal Natália Bonavides (PT), a segunda colocada na disputa com 11,33%, seguida em empate técnico pelo deputado federal Paulinho Freire (União Brasil), que aparece com 10,74% das citações; o ex-deputado federal Rafael Motta (PSB) vem na quarta posição com 5,27%. O número de eleitores que respondeu que não votaria em “nenhum dos candidatos” aparece com 26,44% das citações, e os eleitores que ainda não sabem ou não responderam correspondem a 4,67% das citações feitas.
Portanto, Carlos Eduardo é o alvo preferencial de seus adversários, mas, no entanto, tem sido o ex-gestor responsável pelas declarações mais impactantes do período pré-eleitoral. Alves acusou os adversários de um grande acordo contra sua candidatura:
“O acordão é esse, onde lá em Brasília, distante dos bairros de Natal, eles estão loteando a Prefeitura. São duas secretarias para deputado tal, três para senador tal, quatro para deputados estaduais, vamos arrumar os vereadores e dar mais outra secretaria, mas cometeram um erro grave. Deixaram o povo de fora.”
Resta saber se esse discurso de vítima de acordão vai colar para alguém que sempre esteve no poder e participando dos acordões.
Como disse o filósofo Friedrich Nietzsche: “Onde quer que encontrei vida, encontrei uma vontade de poder; e até mesmo na vontade do servo encontrei a vontade de ser senhor.” A disputa pelo poder, afinal, é uma constante na trajetória política, e Carlos Eduardo Alves não é exceção.