“Estamos sobrecarregados!”, lamenta Ricardo Pereira, compactando o solo argiloso entre as sepulturas escavadas no maior cemitério de Lisboa, capital de Portugal, rapidamente preenchido com vítimas da Covid-19 e identificados por um simples número. A jornada de trabalho da sua equipe começa com o sepultamento de duas pessoas sem recursos de um centro social de Lisboa, suspeitas de terem morrido por Covid, especifica Fausto Caridade, responsável pelo cemitério.
Assim, quando o carro fúnebre chega, sem o acompanhamento de familiares, os quatro trabalhadores do cemitério vestem o traje de proteção para o sepultamento dos mortos de Covid: máscara, luvas azuis e combinação branca que os cobre da cabeça aos pés. Os dois caixões são colocados lado a lado, enquanto quase não há lugares disponíveis nesta seção do cemitério, onde as sepulturas se distinguem apenas pelo número escrito em uma pequena placa plantada na terra recém-mexida.