Ceres/UFRN tem sua primeira professora titular

Nesta quinta-feira, 4 de julho, Sandra Kelly de Araújo, associada ao Departamento de Geografia (DGC), do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), realiza sua defesa de memorial para tornar-se a primeira professora titular do Centro. A obtenção do título representa, além da mais alta classe possível para a carreira de docente do magistério superior, o reconhecimento de uma brilhante trajetória acadêmica, cultivada por mais de três décadas.

O processo de escrita do memorial, para Sandra, foi como mergulhar em si mesma. “Pude redescobrir o quão valioso e gratificante foi cada dia de meu trabalho. Conheci pessoas maravilhosas que contribuíram diretamente para o que sou hoje e sou muito grata”, conta. As águas da memória, contudo, não foram muito brandas. “Em alguns momentos reavaliei se as decisões que havia tomado foram as melhores, como a de trabalhar em Rondônia e me distanciar da minha família. Havia muitos riscos em ir ou ficar, mas eu estava aberta para aprender e, de fato, aprendi muito ao longo dessa jornada”, completa.

A professora ressalta ainda a importância de sua conquista, especialmente no âmbito da representatividade feminina. “Espero que o fato de eu ser a primeira inspire outras colegas em suas carreiras e que jovens mulheres possam visualizar a ocupação de docente como uma possibilidade real de trabalho e de inserção social e política”, declara.

Trajetória

As pretensões cultivadas por ela, em sua adolescência, diferiam fortemente do caminho pelo qual viria a se consolidar profissionalmente. Ainda que em seus desejos mais íntimos tivesse a arqueologia e a astronomia como objetos de fascínio e admiração, a vida apresentou um caminho distinto da investigação do passado ou da pesquisa dos corpos celestes. Em 1983, aos 16 anos, ingressou no Ceres por meio do curso de licenciatura em Geografia. Concluiu sua graduação em 1986, sendo reconhecida como a melhor aluna da turma.

Caicó foi também o local de sua primeira experiência profissional. Após formada, ministrou durante três anos a disciplina de geografia para turmas de ensino fundamental e segundo grau (ensino médio) do colégio Diocesano Seridoense. Encerrou esse capítulo de sua trajetória em virtude da mudança que faria para outra cidade, mas a despedida veio em meio ao carinho e afeto de seus alunos. Sempre muito benquista por aqueles ao seu redor, Kelly viria a receber, nos anos subsequentes, diversas cartas que carregavam os votos para uma boa vida e as expressões de agradecimento por suas contribuições.

Em 1990, mudou-se para Porto Velho para lecionar na Universidade Federal de Rondônia (Unir), onde era associada ao Departamento de Geografia. Aqui permaneceu por 16 anos, considerado por ela o período mais profícuo de sua trajetória em relação à produção acadêmica. “O estado tinha uma dinâmica ambiental e populacional muito intensa e problemática, contendo grandes temas a serem estudados”, conta.

Em 2006, retornou à UFRN, inicialmente vinculada ao Departamento de Educação (atualmente Centro de Educação). Em 2011, foi removida para o Ceres, onde permanece na docência até hoje e exerce o cargo de diretora de Centro entre 2015 e 2023.

Atualmente, com a experiência oriunda de 37 anos de ensino, Sandra conta que reflete sobre a importância de sua atuação política enquanto educadora e como ser humano detentor de um papel social. Além disso, reafirma sua paixão pela posição que ocupa. “Gosto da vivência escolar e acadêmica, do fato de poder interagir com as pessoas e de acompanhar o desenvolvimento educacional delas. Amo ser professora e continuarei na docência por completa razão e prazer de viver”, diz.

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