Pensando em melhorar a qualidade do sono de pacientes com asma, uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) estudou os efeitos de exercícios físicos de baixo impacto para pessoas nesta condição. Os resultados apontam para uma melhora na qualidade e eficiência do sono e na redução dos sintomas de asma nos participantes.
O medo de se exercitar e ficar com falta de ar, o sobrepeso, a respiração oral, alergias e sintomas noturnos explicam por que pessoas asmáticas possuem tendência para problemas do sono. Entre as maiores dificuldades nessa população estão o tempo prolongado para adormecer e o baixo aproveitamento do sono, com despertares durante a noite e sonolência durante o dia.
Levando em conta esses fatores, “a pergunta que a pesquisa fez foi: será que algum aspecto da rotina, mais leve e mais factível, como aumentar a atividade física, poderia melhorar a qualidade do sono?”, diz Celso Carvalho, professor do Laboratório de Fisioterapia e Fisiologia do Exercício da FMUSP. Segundo o pesquisador, pessoas asmáticas evitam fazer exercícios físicos pois, feitos de forma inadequada, desencadeiam o fechamento da via aérea e falta de ar. No entanto a pesquisa, publicada na European Respiratory Journal, mostrou os benefícios de uma rotina de atividade física feita de forma adequada em pessoas asmáticas, sem obstruir as vias aéreas.
O estudo acompanhou por oito semanas dois grupos de pacientes asmáticos, com graus moderado e grave. Os pesquisadores deram uma aula sobre a patologia, a importância de exercícios físicos e controle de limpeza ambiental para todos os participantes e em seguida os separaram em grupo controle — aqueles que não fariam atividade física — e grupo intervenção.
As tarefas propostas para o grupo que passou por intervenção eram exercícios físicos simples, como caminhar mais, descer do ônibus um ponto antes, usar a escada ao invés do elevador. Os números de passos diários foram monitorados com um relógio distribuído aos pacientes, o que possibilitou a análise da evolução individual. Os voluntários também descreveram, semanalmente, os sintomas de asma que tiveram durante a pesquisa.
“Observamos que a qualidade de vida deles melhorou em relação, por exemplo, aos sintomas de ansiedade, houve a diminuição do tempo de latência desses pacientes, então eles conseguiram dormir mais rápido, e melhorou a qualidade do sono deles”, diz Natália Febrini, uma das autoras do estudo.