Cientistas buscam revestimento mais seguro contra infiltração em pontes e edifícios

Em 2018, o viaduto da pista expressa da Marginal Pinheiros, que cedeu a 500 metros da Ponte do Jaguaré, Zona Oeste de São Paulo, danificou cinco carros e feriu uma pessoa. Esse caso chamou a atenção para o comprometimento e a durabilidade de estruturas de concreto que, por serem permeáveis à água, são prejudicadas pelas chuvas.

Por conta de problemas como esse, um grupo de trabalho do Programa de Pós-Graduação de Tecnologia de Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) da USP publicou um artigo sobre o desenvolvimento de um recobrimento impermeabilizante que aumentou a resistência do cimento e afetou minimamente a estrutura das amostras testadas, contribuindo para sua durabilidade e longevidade. Embora a permeabilidade seja desejável para o concreto em pavimentação de superfícies como ruas e calçadas, a infiltração de água no concreto estrutural pode comprometer a integridade de construções como pontes e edificações. 

Publicado na revista Diamond and Related Materials, o recobrimento desenvolvido pelos pesquisadores do Ipen é um material hidrofóbico (que repele a água), bidimensional (2d), criado a partir de material grafenoide (derivado do grafeno, uma das formas cristalinas do carbono) e obtido por meio de um gerador de plasma frio. Também conhecido como plasma não térmico, este gás ionizado é um estado da matéria que contém íons e elétrons livres, no qual a maioria das partículas (como átomos e moléculas) permanece em temperaturas próximas às do ambiente. 

O objetivo desse estudo era desenvolver um produto final de fácil aplicação que “proporciona às alvenarias maior resistência a infiltração, consequentemente diminui os problemas de umidade, como também a manutenção, e, logo, aumenta a vida útil das mesmas”, explica Nivaldo Gomes Pereira, primeiro autor do artigo.

As estruturas concretadas como conhecemos atualmente são datadas de 1756, quando John Smeaton as desenvolveu por meio da mistura de agregado graúdo e cimento. Para contribuir com a evolução delas, os pesquisadores do Ipen levantaram um conjunto de dados paralelamente à pesquisa central da tese de doutorado de Pereira, em que investiga as aplicações do grafeno. Esse levantamento resultou no desenvolvimento dessa sustância carbonosa utilizada para recobrir estruturas de concreto, além de um modelo de aplicação.

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/cientistas-buscam-revestimento-mais-seguro-contra-infiltracao-em-pontes-e-edificios/