Obter nanomateriais para aplicar no armazenamento e conversão de energia, através de um método que utiliza extrato de babosa como agente polimerizante — capaz de “formar” polímeros — e quelante — evita problemas de estabilidade. A ideia resultou em um método, objeto de depósito de pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) no mês de janeiro, cujo os nanomateriais, que resultam desse procedimento, podem ser usados também em outras aplicações tecnológicas, a exemplo de baterias, células combustíveis, produção de biodiesel e fotocatálise.
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFRN, Jakeline Raiane Dora dos Santos explica que o produto da extração da Babosa, ou Aloe Vera, substitui dois reagentes dos métodos convencionais como agente quelante e polimerizante. “Esses dois são o ácido cítrico e o etilenoglicol, os quais têm algumas desvantagens dentro do seu método de obtenção, como a geração de subprodutos tóxicos. Diante disto, o processo que criamos é versátil, de baixo custo e sustentável, que minimiza os resíduos gerados durante a síntese”, coloca.
A modificação do processo a partir de extratos de plantas tem algumas vantagens, como menor toxicidade, fácil acessibilidade e baixo custo. Além disso, sua produção é mais rápida, o que também a torna mais rentável. Especificamente a Babosa, como é popularmente conhecida, pertence ao gênero Aloe Vera e à família Asphodelaceae, e caracteriza-se por ser uma planta herbácea e perene, que se desenvolve facilmente em diferentes tipos de solo, porque não exige muita água para se desenvolver. A mucilagem, ou secreção, presente na parte interna de suas folhas são polímeros biodegradáveis e enquadram-se no grupo dos polissacarídeos heterogêneos. Devido às suas propriedades de retenção de água e formação de gel mucilaginoso, a sua utilização tem sido estudada em várias aplicações.
O pedido de patenteamento do método recebeu o nome de “Processo de Obtenção e uso de óxidos metálicos pelo método dos precursores modificado usando extrato de babosa (aloe vera) como agente quelante e polimerizante”. Nele, o Aloe Vera, substância de origem vegetal, permite, a partir de uma outra solução precursora, a formação de uma rede amorfa, sem forma determinada a princípio. Após essa formação, há outros passos, como a formação de gel, a remoção de resíduos orgânicos e a densificação do gel seco. O resultado desse encadeamento são os materiais cristalinos na forma de pó, ou os nanomateriais.
Fonte: UFRN