A ciência está mais perto de decifrar mistérios sobre as forças do Universo. Em um estudo publicado nesta sexta-feira (23), no periódico Science Advances, pesquisadores de universidades na Holanda, na Itália e no Reino Unido conseguiram detectar uma fraca atração gravitacional em uma partícula minúscula, usando uma nova técnica.
Segundo os autores, isso poderia abrir caminho para comprovar a teoria da gravidade quântica. Cientistas nunca entenderam completamente como essa força, descrita por Isaac Newton em 1687, funciona no mundo subatômico.
Até mesmo Albert Einstein ficou perplexo com a gravidade quântica e, em sua teoria da Relatividade Geral, afirmou que não há um experimento realista que possa mostrar uma versão quântica dessa força. “Por um século, cientistas tentaram e falharam em entender como a gravidade e a mecânica quântica trabalham juntas”, observa o líder do estudo, Tim Fuchs, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.
O experimento utilizou ímãs levitantes para detectar a gravidade em partículas microscópicas — pequenas o suficiente para beirar o reino quântico, isto é, tudo aquilo que seja menor que um átomo. “Agora que medimos com sucesso sinais gravitacionais na menor massa já registrada, significa que estamos um passo mais perto de finalmente compreender como ela funciona em conjunto”, pontua Fuchs, em comunicado.
Segundo o pesquisador, ao entender a gravidade quântica, seria possível resolver alguns dos mistérios do Universo: como ele começou, o que acontece dentro dos buracos negros ou unir todas as forças em uma grande teoria.
A equipe por trás da pesquisa usou uma configuração sofisticada envolvendo dispositivos supercondutores, conhecidos como armadilhas, com campos magnéticos, detectores sensíveis e isolamento avançado de vibrações.
Com isso, mediram uma atração fraca, de 30 atonewtons (aN), em uma partícula de apenas com 0,43 mg, levitando-a em temperaturas de congelamento a centésimos de um grau acima do zero absoluto — cerca de -273 ºC.
“Nossa nova técnica, que utiliza temperaturas extremamente baixas e dispositivos para isolar a vibração da partícula, provavelmente se mostrará o caminho a seguir para medir a gravidade quântica”, comenta o professor Hendrik Ulbricht, também da Universidade de Southampton. “Desvendar esses mistérios nos ajudará a desbloquear mais segredos sobre o tecido do universo, desde as menores partículas até as estruturas cósmicas mais grandiosas.”
Fonte: Revista Galileu