Após duas décadas, a construção da maior câmera digital para astronomia foi finalizada pelo Laboratório Nacional de Aceleração de Partículas (SLAC) do Departamento de Energia dos Estados Unidos. O próximo destino do equipamento é o Observatório Vera C. Rubin, na região de Coquimbo, no Chile, previso para iniciar as operações em 2025.
A Câmera Legacy Survey of Space and Time (LSST) é composta de 3.200 megapixels e tem alta resolução, a ponto de serem necessárias centenas de TVs de ultra-alta definição para exibir apenas uma de suas imagens em tamanho completo.
“Suas imagens são tão detalhadas que poderiam captar uma bola de golfe a cerca de 24 quilômetros de distância, enquanto cobrem uma faixa do céu sete vezes mais ampla do que a Lua cheia. Essas imagens com bilhões de estrelas e galáxias ajudarão a desvendar os segredos do Universo”, explica o professor do SLAC Aaron Roodman, vice-diretor do Observatório Vera C. Rubin, em comunicado do Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica-Infravermelha da Fundação Nacional de Ciências dos EUA.
Com o tamanho de um pequeno carro e pesando cerca de 3 toneladas, a lente frontal da câmera tem cerca de 1,5 metro de largura, a maior já criada para esse objetivo. Uma outra lente menor, de quase 1 metro, foi projetada para manter a forma e a clareza óptica, ao mesmo tempo em que veda a câmara de vácuo.
Esse compartimento abriga um enorme plano focal composto por 201 sensores CCD (em tradução livre, dispositivo de carga acoplada) customizados individualmente, e sua espessura é de apenas 10 micrômetros — um décimo da largura de um fio de cabelo humano.
O objetivo dos pesquisadores é observar mais detalhes do Universo e explorar novas informações. Ao longo de dez anos, o instrumento gerará um enorme volume de dados sobre o céu noturno do Hemisfério Sul, para entender melhor a energia escura, que está acelerando sua expansão e compõe cerca de 85% da matéria no universo.
O que a câmera busca?
Os cientistas querem principalmente mapear as posições e medir o brilho de uma vasta quantidade de objetos no céu noturno. Com a grande capacidade, a câmera procurará por sinais de lentes gravitacionais fracas, que os ajudam a entender a evolução do Universo. Essas lentes revelam a distribuição de massa no Universo e sua mudança ao longo do tempo.
“A câmera do Observatório Vera C. Rubin será um dos instrumentos tecnológicos mais avançados já instalados no Chile. Com sua resolução sem precedentes de 3,2 gigapixels, ela capturará 20 terabytes de imagens a cada noite enquanto desvenda os mistérios da matéria escura, o nascimento de galáxias e os fenômenos mais fugazes do Universo”, afirma Aisén Etcheverry, ministra de Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, segundo nota da Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA), nos EUA.
As imagens também pretendem mostrar mais detalhes de galáxias distantes e da nossa própria, a Via Láctea. Com a sensibilidade da câmera, os pesquisadores esperam ainda fazer um mapa mais detalhado sobre sua estrutura e evolução, como a natureza das estrelas e outros objetos dentro dela.
A expectativa do projeto do Observatório Rubin é aumentar o número de objetos conhecidos em nosso Sistema Solar em um fator de 10. Eles pretendem compreender melhor como se formou e talvez consigam identificar ameaças de asteroides próximos à Terra.
Fonte: Revista Galileu