À medida que a inflação continua a desafiar a economia no Brasil, os consumidores enfrentam um aumento significativo nos custos de alimentação. Uma tendência surpreendente emerge, com os preços dos alimentos para consumo em casa subindo a uma taxa mais rápida do que os preços dos alimentos em bares e restaurantes.
De acordo com Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, os bares e restaurantes vêm segurando os preços dos seus cardápios. Enquanto a inflação da alimentação dentro de casa registrou um aumento significativo de 1,12%, a inflação nos bares e restaurantes foi bem mais moderada, com uma alta de apenas 0,49%.
Uma pesquisa realizada pela Abrasel em fevereiro mostrou que cerca de 40% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses, enquanto 51% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação. Isso demonstra o esforço do setor em manter a acessibilidade para os consumidores, mesmo diante de desafios econômicos.
Enquanto os empreendedores buscam opções para equilibrar seus orçamentos e manter os preços dos cardápios atrativos, essa disparidade nos preços tem um impacto notável nos hábitos de consumo da população, incentivando os consumidores a buscar maneiras criativas de gerenciar seus gastos com alimentos e a explorar opções alternativas para garantir uma dieta saudável e acessível.
“Essa pesquisa Abrasel mostra nosso esforço enquanto setor para segurar os preços para os consumidores. Mas, precisamos também analisar a sustentabilidade financeira dos estabelecimentos para garantir a viabilidade dos negócios do setor. Quase metade dos negócios não conseguiram aumentar os preços conforme a inflação nos últimos 12 meses”, diz Paolo Passarielo, presidente da Abrasel.
E essa discrepância se torna ainda mais evidente quando olhamos para os números acumulados no ano: a alimentação no domicílio teve um aumento de 2,95%, enquanto os estabelecimentos de alimentação fora do lar registraram uma inflação acumulada de apenas 0,74%. O índice geral de inflação no ano está em 1,25% – em fevereiro a alta foi de 0,83%.