Corrupção, pandemia e crime dominam debate entre Lula e Bolsonaro

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) trocaram acusações sobre corrupção, crime organizado, pandemia, obras no Nordeste e programas de transferência de renda neste domingo (16/10), durante o primeiro debate presidencial do segundo turno. Em desvantagem nas pesquisas, Bolsonaro recorreu à mesma tática adotada em embates do primeiro turno, investindo em ataques e evocando teorias conspiratórias. O presidente tentou associar Lula falsamente ao narcotráfico e lembrou de casos de corrupção na Petrobras durante governos petistas.

Lula, que terminou a votação do primeiro turno à frente, rebateu mencionado ligações de Bolsonaro com milicianos do Rio de Janeiro e chamou o presidente de “rei das fake news” e “rei da estupidez”. O petista ainda apelou para a nostalgia pelos seus governos, citando realizações passadas na economia e na educação. Lula também provocou Bolsonaro, afirmando que o atual ocupante do Planalto não criticou seus governos nos seus tempos de deputado. “Disseram que você era um puxa-saco meu”, disse.

O debate teve alguns momentos de tensão não verbal. No terceiro bloco, Bolsonaro tentou adotar uma postura dominante, se aproximando de Lula e colocando a mão de forma paternalista no ombro de Lula, que se esquivou o gesto. “Mentiroso é você. Você mente todo dia”, disse o petista em outro momento, com o dedo em riste na direção de Bolsonaro. Apesar das trocas de acusações, o clima foi mais calmo do que no último debate do primeiro turno, que havia sido marcado por gritos, tumulto e mais de uma dezena de pedidos de resposta. Em diversos momentos, Lula e Bolsonaro preferiram investir em ironizar as falas um do outro.

Lula estreou nos debates no segundo turno após costurar uma “frente ampla” de 15 partidos e recebendo apoio até de antigos adversários, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e membros da equipe que elaborou o Plano Real. Já Bolsonaro chegou ao debate após dias de fatos negativos que atingiram sua campanha, que permaneceu na defensiva após sofrer ataques que chegaram a associar o presidente a práticas de canibalismo e pedofilia.

Bolsonaro foi aos estúdios da TV Bandeirantes acompanhado pelos ministros Fábio Faria (Comunicações) e Ciro Nogueira (Casa Civil), o vereador Carlos Bolsonaro e o ex-juiz e senador eleito Sergio Moro — este último se reaproximou do presidente nesta campanha, após romper de maneira bombástica com o governo em 2020, quando acusou o chefe do Executivo de interferir na Polícia Federal. Em diversos momentos foi possível ver Moro, até recentemente considerado um traidor por bolsonaristas, assessorando o presidente nos intervalos.

Além de Moro e dos ministros, outro membro da comitiva se destacou: o advogado Frederick Wassef, que em 2020 escondeu num sítio Fabrício Queiroz, o “ex-faz tudo” do presidente acusado de operar para o clã Bolsonaro um esquema de desvio de salários de assessores. Segundo a última pesquisa do Datafolha, Lula mantém uma vantagem de seis pontos sobre Bolsonaro nas intenções de votos válidos. No primeiro turno, o petista ficou à frente do atual presidente por cerca de seis milhões de votos.

Fonte: DW Brasil