Depois de um estudo do departamento de farmacologia do Weill Cornell Medicine, em Nova York (EUA), um grupo de pesquisadores criou um contraceptivo capaz de impedir o deslocamento dos espermatozoides até o óvulo. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (15), no periódico científico americano Nature Communications.
A motivação do estudo ocorreu pela alta taxa de gestações indesejadas e por a maior parte dos métodos contraceptivos ser voltada apenas para as mulheres, exceto o uso de preservativos ou da realização de vasectomia. Embora existam outros estudos com alta eficácia comprovada (cerca de 94%), as taxas de abandono dos métodos e a continuidade de esforços clínicos foram resultado da alta quantidade de efeitos colaterais indesejados. Outro fator é pelo tempo de eficácia, com tratamentos que tornariam os homens inférteis por tempo determinado, mas que necessitavam de tratamento contínuo durante meses até fazer efeito — e também para revertê-los.
No novo estudo, realizado com camundongos, os pesquisadores conseguiram identificar uma enzima produzida pelo cérebro, conhecida como adenilil ciclase solúvel — ou SAC, na sigla em inglês —, que é essencial para que o espermatozoide se locomova para realizar a fecundação. A partir daí, eles desevolveram uma pílula capaz de inibir a produção dessa enzima, que tornou os animais inférteis durante um tempo determinado.
Durante os experimentos, a pílula testada se mostrou eficaz antes, durante e após a relação sexual. Para tal, a pílula deveria ser ingerida anteriormente à relação, com eficácia estimada em três horas. Após 24 horas, não foi encontrado nenhum resquício relacionado aos inibidores no organismo dos animais. Os autores afirmam que a utilização dos inibidores de motilidade dos espermatozoides não afetou o desempenho sexual dos camundongos.
A pílula, até então, não traria nenhum prejuízo à produção de espermatozoides nem efeitos adversos.
Embora seja um potencial remédio para evitar a gravidez indesejada, com o efeito revertido em pouco tempo, a pílula não é capaz de impedir o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.