CURIOSIDADE: Por que, na Ásia, o nome de vários países termina em “-istão”?

Porque nas línguas mais faladas nessa região do mundo, como o hindi, o persa, o pashtun (afegão) e o quirguiz, “-istão” quer dizer “lugar de morada” de um determinado povo ou etnia. De acordo com esse princípio, Cazaquistão, por exemplo, significa “território dos cazaques”; Quirguistão, “território dos quirguizes”; Afeganistão, “território dos afegãos” e assim por diante.

“A forma “-stão” deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia. Esse sufixo carregava a ideia de ‘parar’ ou ‘permanecer’ e deu origem, por exemplo, aos verbos stare, em latim, e stand, em inglês”, diz o lingüista Mário Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP).

Do stare latino, inclusive, vem o verbo “estar” em português. Ou seja: com a raiz etimológica da coisa em mente, você pode pensar nos nomes desses países como “onde estão os afegãos”, “onde estão os cazaques” e assim por diante.

A única exceção a essa regra é o caso do Paquistão, batizado cerca de 20 anos antes de o território do país ser constituído, em 1947. “Rahmat Ali, o idealizador da independência paquistanesa, juntou ao termo “-istão” o vocábulo “paki”, surgido a partir de uma combinação das iniciais das áreas reivindicadas pela futura nação. O “p” representava a província do Punjab, enquanto o “k” equivalia à região da Caxemira, no noroeste da Índia”, afirma Mário.

O final “-istão” é algo equivalente a adicionar os sufixos “-lândia” (que vem de land, “terra”, nas línguas germânicas) ou “-polis” (“cidade”, em grego) ao final de nomes. Petrópolis é a cidade de Pedro, Teresópolis, a de Teresa. Suazilândia é a terra dos suázis – mas, recentemente, o país mudou de nome para Essuatíni, que significa justamente “terra dos suázis” na língua local.

Note que os nomes de países islâmicos localizados no Oriente Médio e no norte da África não carregam o sufixo. Ali, a língua predominante é o árabe, que não possui raízes indo-europeias – ele pertence a outro tronco, o semítico, compartilhado com o hebraico e o aramaico.

Fonte: Revista Superinteressante