A primeira imagem já feita de um buraco negro na história, divulgada em 2019, ganhou uma versão mais nítida com ajuda do aprendizado de máquina. Os detalhes por trás do processo foram publicados em artigo no The Astrophysical Journal em 3 de fevereiro. O algoritmo que permitiu criar a nova imagem foi batizado com a sigla PRIMO (principal-component interferometric modeling, ou modelagem interferométrica de componentes principais). O aperfeiçoamento do registro se baseou também nos dados originais da foto, obtidos pela colaboração do Event Horizon Telescope (EHT), em 2017.
O desenvolvimento do PRIMO ocorreu graças aos esforços de membros do EHT — incluindo a astrofísica brasileira, Lia Medeiros, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, nos Estados Unidos. Medeiros atuou em colaboração com Dimitrios Psaltis e Feryal Özel, do Instituto de Tecnologia da Geórgia; e Tod Lauer, do centro de pesquisa do governo norte-americano NOIRLab.
Em 2017, a equipe de cientistas do EHT usou uma rede de sete telescópios pré-existentes em todo o mundo para coletar dados sobre o buraco negro supermassivo no centro da galáxia Messier 87 (M87), a cerca de 50 milhões de anos-luz. A ideia era criar um “telescópio do tamanho da Terra”, mas surgiram lacunas nos dados, por ser inviável cobrir toda a superfície terrestre. Conforme explica Lauer em comunicado, o PRIMO fornece um modo de compensar essa falta de informações necessárias para gerar a imagem que seria vista com um único radiotelescópio gigantesco do tamanho do nosso planeta.
Fonte: Revista Galileu