De acordo com pesquisa, COVID-19 impacta no diagnóstico e tratamento de doenças

As restrições para receber pacientes em hospitais, a transferência de leitos para o tratamento da COVID-19 e o medo de pacientes de procurar ajuda médica derrubaram o número de consultas, exames e cirurgias. Pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e pela Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) revela que o descuido com a saúde aumentou durante o período de pandemia, tanto na prevenção com idas ao médico para acompanhamento das doenças e prevenção pelos exames laboratoriais, como pelos cuidados com uma vida mais saudável. Durante a pandemia, 43% dos entrevistados reduziram suas consultas médicas. Somente 2% passaram a se consultar mais, sendo que destes 33% atribuíram o motivo à ansiedade, 33% ao agravamento da diabetes e outros 33% para realizar acompanhamento de exames ou de procedimentos de saúde. Outros 55% mantiveram sua frequência de visitas a médicos.

Junto com a menor ida ao médico está também a redução dos exames laboratoriais. 58% decidiram adiar ou fazer com menor frequência os exames durante o período da pandemia. Apenas 1% aumentou esta frequência e 41% disseram não ter mudado esta rotina. Ainda entre os que adiaram ou diminuíram a frequência, 47% receberam indicação do próprio médico, mas os outros 53% tomaram a decisão eles próprios. Considerando uma lista de 13 tipos de exames laboratoriais, os exames mais adiados ou feitos em menor frequência, de acordo com os próprios pacientes, são: sangue (30%), mamografia (27%), preventivo de colo de útero e urina (24%), eletrocardiograma (23%). Os exames que tiveram sua rotina de realização menos alterada são: Raio X (91%), Ressonância Magnética (90%) e Tomografia Computadorizada (90%).

Dos exames que sofreram algum tipo de mudança na sua frequência de realização ou mesmo o seu adiamento, os que tiveram mais influência médica nesta decisão foram Ressonância Magnética (57%) e Tomografia Computadorizada (57%). Já os que tiveram a decisão do próprio paciente, destacam-se os exames de Raio X (100%), Fezes (77%) e Mamografia (72%). Finalmente, entre os que adiaram a realização de algum exame ou mesmo reduziram a sua frequência de realização, a maior parte admite que isso acabou deixando suas doenças descontroladas, que atrasou o início do tratamento, dificultou seu diagnóstico ou que não sabiam se a doença estava sob controle ou não.

“Algumas consequências já foram observadas ao logo dos meses. Alguns pacientes chegando aos hospitais com quadros avançados de infarto, Acidente Vascular Cerebral, processos infecciosos; ou até mesmo vindo a falecer em domicílio. Outra parcela deixou de monitorar por um período de meses suas doenças crônicas e outros receberão cuidados apenas quando a pandemia acabar – visto que ainda continuam reclusos”, comenta Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da SBPC/ML.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial