De olho no uso da máquina pública nas eleições de 2016

Desde o início do ano que os partidos políticos fazem cálculos e tentam se preparar para algo novo nas eleições. A falta de recursos. Esta será para eles a primeira campanha sem doações de empresas privadas. A previsão, portanto, são de estruturas menores e um peso ainda maior das máquinas governamentais. Junto com esse quadro financeiro desfavorável estará o maior desgaste já vivido pela classe política brasileira.

Como inexiste aqui a cultura de doação por pessoas físicas e o dinheiro do Fundo Partidário é insuficiente para cobrir os custos, a disputa nas cidades será com muito improviso e criatividade.

Levantamento da ONG Transparência Brasil mostra que as campanhas municipais custaram R$ 4,6 bilhões há quatro anos; em 2014, nas eleições nacionais e estaduais, o financiamento superou R$ 5 bilhões. Enquanto isso, o Fundo Partidário para ser repartido entre todas as legendas este ano será de R$ 819 milhões. O valor é menor do que o de 2015 (R$ 867,5 milhões), mas quase três vezes maior do que o de 2014 (R$ 289,5 milhões). Esse dinheiro, porém, tem como finalidade a manutenção dos partidos; o uso nas campanhas seria apenas com o que sobrar e quase nunca sobra.

Logo, neste contexto, parece razoável que os prefeitos e os candidatos apoiados pelas máquinas estaduais e federal terão maiores chances. Eles poderão contar como reforço para suas campanhas dos muitos funcionários contratados pelas administrações, além da ajuda de fornecedores. Certo? Mais ou menos. Este também pode ser um caminho perigoso e com prejuízos eleitorais para quem escolhê-lo.

Há uma enorme desconfiança desta prática e já a partir de agora até junho se faz necessária a regulação e fiscalização de governos e prefeituras para perceber quem está sendo nomeado e contratado com este objetivo eleitoreiro por trás.

O TSE está prometendo uma fiscalização mais rigorosa sobre a aparência das campanhas, e o Ministério Público diz que vai avaliar essas campanhas muito caras de perto, assim como a prática do caixa 2. Prefiro crer mais na fuga dos investidores diante dos desdobramentos de operações como a Lava-jato. Quem imaginaria Marcelo Odebreacht atrás das grades? Se ele está preso porque qualquer outro não poderia estar! Não é mesmo?

A única certeza é de que, nestas eleições, toda a experiência e prática dos pleitos anteriores de pouco valerá, e que é preciso buscar novas soluções. Neste futuro de incertezas sobra espaço para o novo e o criativo. Eu aposto que quanto menos perfil de político tiver o candidato, mais chances terá de vencer a eleição. Eu aposto que as reeleições serão muito mais difíceis e onerosas.

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